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Exposição mostra a história da coleção Gulbenkian nos 40 anos do CAM

05 mai, 2023 - 06:10 • Maria João Costa

“Histórias de uma Coleção. Arte Moderna e Contemporânea do CAM” é uma exposição que reúne 207 obras de 187 artistas para contar a história de um acervo. A mostra que abre hoje ao público, alarga-se a várias zonas do interior do edifício-sede e do jardim da Gulbenkian até 18 de setembro.

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O que é uma coleção? Como se forma? Que histórias estão por trás de cada peça de um acervo? Estas são questões que a nova exposição da Fundação Calouste Gulbenkian, em Lisboa, que abre esta sexta-feira ao público, tenta responder.

“História de uma Coleção. Arte Moderna e Contemporânea” é a exposição que assinala os 40 anos do CAM (Centro de Arte Moderna) e que reúne 207 obras de 187 artistas. Com a curadoria de Ana Vasconcelos, Leonora Nazaré, Patrícia Rosas e Rita Fabiana, a exposição propõe ao visitante uma viagem no tempo à forma como foi sendo constituída a coleção.

Enquanto decorrem as obras de remodelação do CAM, e depois do período da Covid-19, a Gulbenkian quer assim manter presente a ligação com o seu público, explica Leonor Nazaré. Nas palavras da curadora, “esta exposição surge da vontade de mostrar a coleção durante um período longo". "Precisávamos de tornar a coleção presente e pensámos em contar a história das aquisições”, diz.

O novo edifício do CAM só deverá reabrir no primeiro semestre de 2024. Enquanto as obras decorrem no edifício-sede da Gulbenkian mostra-se parte da coleção de 12 mil obras da instituição. “É sempre uma seleção, é sempre um ponto de vista e, neste caso, foi o ponto de vista da cronologia das aquisições e não a cronologia das obras, como muita vez se propôs ao público”, detalha Leonor Nazaré.

Esta é uma exposição que dá a ver ao público, logo na sala de entrada, uma grande parede cheia de obras. “Quisemos, naquele primeiro mural, propor um mergulho”, explica Leonor Nazaré, que compara essa mural a “uma parede das reservas”.

Neste mural está, não só a peça mais antiga da coleção, como uma das mais recentes. É uma “proposta multidirecional e explosiva”, refere Nazaré. Ali encontramos obras do final do século XIX, como é o caso de um Columbano Bordallo Pinheiro, até a uma das últimas aquisições para a coleção, como é o caso de uma tela de Jorge Queiroz.

Passado este mural, o público vai encontrar sete obras simbólicas de toda a coleção do CAM. Desde logo o Retrato de Fernando Pessoa da autoria de José de Almada Negreiros, até obras iniciais de Paula Rego ou de João Cutileiro. Está lá também um David Hockney e uma Maria Helena Vieira da Silva.

Depois, a exposição organiza-se em quatro núcleos. O primeiro núcleo “reforça as primeiras compras para a abertura em 1983 do Centro de Arte Moderna”, explica ao Ensaio Geral Leonor Nazaré.

“O segundo núcleo, a que chamamos ‘É indispensável inaugurar’, citando uma frase de Azeredo Perdigão, quando já estava muito impaciente com a abertura do que ele considerava ser um centro essencial para albergar uma coleção que estava a ser constituída desde o final dos anos 50, mesmo sem haver edifício para ela”, indica a curadora.

“O terceiro núcleo, a que chamamos ‘Depois das Belas-Artes’, está muito ligado à época de Jorge Molder, com a compra de obras que vão para lá dos cânones habituais das Belas-Artes”, explica Leonor Nazaré que acrescenta que há um último núcleo que reflete as direções de Isabel Carlos e Penélope Curtis à frente do CAM.

Expostas estão obras de artistas portugueses como Joana Vasconcelos, Julião Sarmento, Carlos Nogueira, Helena Almeida, Ana Jotta, Eduardo Batarda, Fernando Lemos, Ana Vidigal, Gabriela Albergaria, entre muitos outros.

Além dos artistas portugueses, que têm um peso maioritário na exposição, o visitante vai também poder apreciar obras de artistas de renome internacional como Henri Matisse, Joaquín Torres-García, Henry Moore ou Allen Jones.

A exposição “Histórias de uma Coleção” pode ser visitada também através dos jardins Gulbenkian. Há peças que estão fora das paredes do edifício-sede. É o caso da obra de grande envergadura “Construção para lugar nenhum”, de Carlos Nogueira, que ocupa o átrio principal da entrada do Museu Gulbenkian ou de uma peça de Rui Chafes que está na entrada do edifício-sede. Também nos jardins estão obras de vários artistas. É o caso de Fernanda Fragateiro.

A mostra, que vai encerrar às terças-feiras, prevê, além de um programa de visitas guiadas, várias atividades paralelas que incluem oficinas para os mais novos. A exposição vai estar patente até 18 de setembro.

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