07 jul, 2022 - 06:32 • Maria João Costa
A contrastar com a luminosidade da Estação da Luz, onde fica instalado o Museu da Língua Portuguesa, no seu interior o percurso do visitante é quase todo feito num ambiente escuro, onde as palavras portuguesas saltam à vista.
Reaberto em plena pandemia, depois de um violento incêndio em 2015 o ter destruído por completo, o Museu da Língua Portuguesa mostra ao público as origens da língua de Fernando Pessoa e Machado de Assis.
A visita começa justamente por uma aula de geografia. Um grande mapa mostra os 5 continentes onde o português está presente. Na nossa visita cruzamo-nos com duas turmas de oitavo e nono anos. Ficam surpreendidos pela língua que é sua seja falada em países tão distantes, como Cabo Verde ou Timor-Leste.
A experiência de visitar o museu para estes jovens brasileiros é muito interativa. Cheio de ecrãs tácteis, o corredor inicial permite perceber as diferenças da forma como a língua é falada nos vários países.
Ao verem o microfone da Renascença, um grupo de jovens apressa-se a dizer que quer dar uma entrevista. Quando lhes perguntamos o que estão a fazer perante uma mesa interativa onde têm de apanhar palavras para construir novas palavras, perguntam-nos: “Você é portuguesa?”.
Surpreendidos, um dos jovens do grupo diz “Tem sotaque!”
“A Língua Portuguesa é um corpo espalhado pelo mundo”, lembra aos jovens visitantes a guia do museu. Mais à frente ouvimos um som de uma máquina de escrever. À nossa frente, mais um conjunto de painéis interativos em que podemos ficar a saber mais sobre a origem das palavras.
Em entrevista à Renascença, Marina Toledo, responsável pelo serviço educativo conta que este é um dos momentos que “mais curiosidade” provoca e mais “surpreende” os visitantes. No ecrã da origem Tupinambá exploramos como se diz a palavra “jacaré” nas duas línguas.
Depois mais um corredor do tempo cheio de frases, ecrãs táteis onde o visitante fica a conhecer a forma como o português foi entrando no Brasil. Ao lado de uma réplica de um astrolábio está uma cópia da Carta de Pero Vaz de Caminha, sobre a chegada dos portugueses ao Brasil. No ecrã escutamos o músico Tom Zé a ler “Os Lusíadas”.
Mais à frente, uma floresta de palavras a somar às várias experiências que este museu que termina com um vídeo imersivo permite ao visitante. Marina Toledo lembra que “o museu, querendo ou não, é um recorte de escolhas para se falar sobre a língua, mas a língua é dinâmica”.
Esta responsável diz-nos que no museu, “desde que foi reaberto, até hoje, já há mudanças no uso da língua”, indica concluindo que o museu não trabalha o português pelo lado “normativo ou de gramática”, mas sim como um “objeto cultural”.
O museu está aberto de terça-feira a domingo, das 9h00 às 16h30 e tem entrada gratuita aos sábados, dia muito procurado confirma a responsável pelo serviço educativo do Museu da Língua. Portuguesa que participa também na Bienal do Livro de São Paulo, em algumas iniciativas no Pavilhão de Portugal na feira.