A+ / A-

Papa na Jornada Mundial das Crianças. Um "pontapé de saída" para um mundo de paz

25 mai, 2024 - 18:17 • Aura Miguel

Francisco recebido em ambiente de festa por 50 mil crianças no Estádio Olímpico de Roma. Papa ouviu testemunhos de meninos e meninas de várias partes do mundo.

A+ / A-

O Papa Francisco presidiu este sábado à primeira Jornada Mundial das Crianças, que juntou, no Estádio Olímpico de Roma, milhares de miúdos de 101 países. O encontro incluiu música, desporto, dança e vários testemunhos e termina no domingo, com uma missa na Praça de São Pedro.

Acolhido em festa, neste sábado, por cerca de 50 mil crianças, o Santo Padre começou por explicar a razão desta iniciativa: “Reunimo-nos aqui no Estádio Olímpico, para dar o ‘pontapé de saída’ num movimento de meninos e meninas que querem construir um mundo de paz, onde sejamos todos irmãos, um mundo que tem futuro, porque queremos cuidar do ambiente que nos rodeia”.

Entre dezenas de breves saudações e testemunhos, Eugénia veio da Ucrânia e pediu a paz. “Não quero que haja guerra na Ucrânia e na Rússia, que são dois países muito importantes para mim”, disse a menina. “Não quero que as crianças oiçam as bombas cair e vejam a morrer dos seus amigos e parentes”, apelou.

Victor, da Palestina, lançou uma pergunta ao Papa: “Que culpa temos nós crianças por nascer em Belém, Jerusalém ou Gaza? Só queremos brincar, estudar, viver livres como tantas outras crianças do mundo!”

Francisco ouviu também Mila, uma rapariga da Nova Zelândia preocupada com a poluição e o futuro do planeta e a do argentino Mateo, que partilhou a sua angústia pelas situações de pobreza, fome, doença e abandono de tantas crianças da sua idade.

Rahel, do Afeganistão, lembrou que no seu país as mulheres são privadas dos seus direitos mais basilares: “Não podem estudar, não podem trabalhar e nem sequer podem sair livremente de casa” e deixou um pedido: “Vamos dar voz à atual situação das mulheres e meninas afegãs e não as abandonemos!”

Rodeado de crianças, o Santo Padre foi respondendo: “Sei que sentis tristeza com as guerras, que provocam tantos mortos e sofrimentos. Estais preocupados com as alterações climáticas e suas consequências. Sofreis porque muitos da vossa idade não podem ir à escola, por causa das guerras ou de inundações, secas, carências de alimentação e cuidados médicos. São realidades que trago no coração também eu e, na oração, apresento-as a Deus. Hoje fazêmo-lo juntos!”

Interrompido por aplausos e vivas, à medida que as crianças se aproximavam para fazer perguntas, o Papa convidava-as a tirar rebuçados de um enorme cesto e grande parte das respostas de Francisco surgiram improvisadas, em diálogo com os miúdos que iam respondendo “sim” ou “não”, consoante os temas: “A guerra é bela? Não!”; “A paz é sempre possível? Sim!”.

O papel dos avós não foi esquecido e houve mesmo quem tenha chamado ao Papa Francisco “o Avô do mundo”.

“Crianças ensinam-nos o dever e as razões da esperança”

Na abertura desta primeira Jornada Mundial das Crianças, o cardeal Tolentino de Mendonça, prefeito do Dicastério da Santa Sé que organiza esta jornada, afirmou que “as crianças possuem uma sabedoria prática capaz de inovar, ajudando-nos assim a superar os bloqueios do presente”.

E, como vivemos “num momento difícil para o mundo e o pensamento do futuro parece estar repleto de muitas incertezas, os mais novos ensinam-nos o dever e as razões da esperança”, afirmou o cardeal português.

“Os pequenos podem ser mestres daquelas artes universais de que o mundo de hoje necessita urgentemente”, salientou.

No domingo, a Jornada Mundial das Crianças termina com uma missa na Praça de São Pedro. No final, haverá um monólogo-testemunho do realizador e ator italiano Roberto Benigni.

Comentários
Tem 1500 caracteres disponíveis
Todos os campos são de preenchimento obrigatório.

Termos e Condições Todos os comentários são mediados, pelo que a sua publicação pode demorar algum tempo. Os comentários enviados devem cumprir os critérios de publicação estabelecidos pela direcção de Informação da Renascença: não violar os princípios fundamentais dos Direitos do Homem; não ofender o bom nome de terceiros; não conter acusações sobre a vida privada de terceiros; não conter linguagem imprópria. Os comentários que desrespeitarem estes pontos não serão publicados.

Destaques V+