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Comunidade Judaica do Porto faz queixa contra autores de cartazes antissemitas e Esquerda.net

02 fev, 2024 - 18:13 • Lusa

O Bloco de Esquerda, que é o responsável pelo portal Esquerda.net, argumenta que acusação de antissemitismo tenta "promover a confusão entre povo judeu/religião judaica e interesses do Estado/empresas de Israel".

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A Comunidade Israelita/Judaica do Porto (CIP/CJP) apresentou uma queixa-crime por discriminação e incitamento ao ódio e à violência contra o portal Esquerda.net e autores de cartazes exibidos na manifestação por habitação, que decorreu no Porto.

Na participação criminal, a que a agência Lusa teve hoje acesso, são visados "os autores dos cartazes com os dizeres "Nem Haifa, nem Boavista, fora o capital sionista", e "Não queremos ser inquilinos de sionistas assassinos!"", alegadamente empunhados na manifestação por habitação, no Porto, em 27 de janeiro.

Na queixa-crime enviada à Procuradora-Geral da República, são também visados a "Associação denominada "Coletivo pela Liberdade da Palestina"", o portal de informação do Bloco de Esquerda (BE) "Esquerda.net", assim como os seus responsáveis "pelo conteúdo publicado em 30 de janeiro, intitulado: "Capital Israelita aumenta pressão imobiliária no Porto"".

"Quem será responsável quando acontecer um atentado terrorista contra a Comunidade Judaica do Porto, seus membros, sinagogas, museu judaico, museu do Holocausto e suas demais instituições? Num país com uma população de 10 milhões de pessoas e cerca de 5.000 judeus (0,05% do total da população), grande parte deles chegados na última década, a minoria judaica já começa a ser acusada de pôr em risco direitos fundamentais dos portugueses, como o direito à habitação", lê-se na queixa-crime.

A CIP/CJP sustenta que, em 27 de janeiro, aproveitando uma manifestação por melhor habitação na cidade do Porto, "elementos do Coletivo pela Libertação da Palestina, com o aval desta organização exibiram cartazes com os dizeres "Nem Haifa, nem Boavista, fora o capital sionista", e "Não queremos ser inquilinos de sionistas assassinos!".

"A referência à "Boavista", zona onde se localiza a sinagoga Kadoorie, o coração da Comunidade Judaica do Porto, constitui um ataque direto à comunidade judaica da cidade. O mesmo já acontecera três dias depois do massacre de 7 de outubro de 2023, quando aquela sinagoga foi alvo de vandalismo, com inscrições de "Apartheid" e "Palestina Livre", numa tentativa concretizada de associar a maior sinagoga do país à violação de direitos humanos e não ao culto e à cultura judaica", frisa a participação criminal.

Segundo a CIP/CJP, "a referência a senhorios "sionistas assassinos" constitui um ataque direto aos membros israelitas daquela Comunidade que trabalham com imobiliário na cidade do Porto, para a qual contribuem com empreendedorismo e ideias novas", sublinhando que "o investimento por parte de israelitas constitui uma percentagem irrisória do investimento imobiliário que se pratica na cidade" do Porto.

"Os "sionistas assassinos" a que se referem os cartazes e, em socorro destes, o jornal "Esquerda.net", são pessoas casadas, com filhos menores que estudam nas escolas portuguesas, e que hoje estão em perigo, na sua segurança física e no seu trabalho. Invariavelmente, como na União Soviética, foram publicados os nomes verdadeiros de pessoas a atingir, amedrontar e destruir", acusa a Comunidade Israelita/Judaica do Porto.

A participação criminal refere que, em 30 de janeiro, "o jornal "Esquerda.net" também procurou justificar aqueles cartazes com argumentos da mesma jaez e através de um exercício de identificação - nome por nome, empresa por empresa - dos investidores israelitas no imobiliário da cidade do Porto".

"Sem nunca esclarecer que os mesmos representam uma ínfima percentagem dos investidores portuenses nessa área do mercado. Pequenos e grandes empresários, todos misturados, em grupo, num cenário de culpa coletiva, foram apresentados à população como portugueses de segunda categoria ligados à especulação, por atentarem contra o direito à habitação dos cidadãos autóctones. Até a construção de hotéis foi apresentada como imoral", sustenta a CIP/CJP.

Numa reação enviada hoje à agência Lusa, o BE refere que "a resposta às acusações de que o artigo é alvo está contida no próprio artigo".

"Tal como o artigo refere, a acusação de antissemitismo tenta "promover a confusão entre povo judeu/religião judaica e interesses do Estado/empresas de Israel". Sublinhamos que entre os promotores da campanha de boicote a Israel estão muitas pessoas judias, de todo o mundo", salienta o BE.

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