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Reino Unido

“Emenda Amess” para garantir acesso aos sacramentos na hora da morte

21 out, 2021 - 08:40 • Filipe d'Avillez

País reagiu com choque à notícia de que um padre foi impedido de aceder ao deputado David Amess, enquanto este estava a morrer, para lhe administrar os últimos sacramentos. Um deputado da oposição quer consagrar esse direito na lei.

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Um deputado trabalhista no Reino Unido quer consagrar na lei o direito a qualquer católico poder receber os sacramentos quando está a morrer, “seja num lar, seja num local de crime”.

A proposta foi feita por Mike Kane durante uma homenagem ao deputado conservador David Amess, que foi assassinado a 15 de outubro, enquanto atendia membros do seu círculo eleitoral. Foi abordado por um cidadão britânico de origem somali, um muçulmano radicalizado, que o esfaqueou repetidamente.

Nos últimos dias surgiu a notícia de que um padre amigo de Amess, que era católico devoto, acorreu ao local quando soube a notícia para lhe poder administrar a unção dos doentes, mas foi impedido de entrar pelas autoridades, por medo de comprometer o local do crime.

A notícia provocou choque e revolta na opinião pública e poderá levar a consagração do direito a aceder aos sacramentos na lei britânica.

“Penso que é crucial que as pessoas de fé possam ter acesso aos cuidados e sacramentos de que precisam nos momentos finais da vida, mesmo na altura da morte. As autoridades devem partir do princípio que, seja num lar ou num local de crime, os pastores podem atender às necessidades espirituais dos indivíduos em causa”, afirmou Mike Kane, durante uma homenagem a David Amess na Câmara dos Comuns.

A proposta que está agora em cima da mesa é de incluir uma “emenda Amess” à atual Lei do Policiamento, Crime, Sentenças e Tribunais.

Nem todos concordam, porém, com a proposta. Citado pela BBC, Paul Millen, ex-chefe do departamento de apoio científico da Polícia de Surrey, e autor de livros sobre locais de crime, diz que nem se devia pensar nessa hipótese devido ao risco de pôr em causa provas que podem incluir pegadas, ADN e firas e que poderia, mais tarde comprometer um julgamento.

Também à BBC o deputado conservador Matt Warman disse que o que faz falta são linhas orientadoras mais claras. “É uma decisão muito complicada. Todos queremos que se faça justiça, e é preciso haver um equilíbrio”.

A Conferência Episcopal de Inglaterra e País de Gales disse, através de um porta-voz, que a Igreja vê com bons olhos o princípio de garantir o direito à administração dos sacramentos, mas reconhece que tal pode ser difícil numa situação de emergência.

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