06 out, 2021 - 17:13 • Eunice Lourenço
O padre Vitor Feytor Pinto, que morreu esta quarta-feira, viu tudo antes do tempo e foi importante em tudo por onde passou, afirma o Presidente da República.
Em declarações à Renascença, Marcelo Rebelo de Sousa salienta as várias áreas em que Feytor Pinto marcou os últimos 50 anos da sociedade portuguesa, entre as quais a saúde.
“Ele viu tudo antes do tempo. O número de pessoas que conheci ao longo da vida que, nas várias atividades, mas sobretudo na pastoral da saúde, marcadas por ele!”, diz o Presidente que considera Feytor Pinto “um formador natural”, fosse nas homilias, nos cursos que ministrava ou em palestas.
“Foi um precursor da bioética, da ética aplicada ao domínio das ciências da vida e da saúde e à prática e foi de uma grande sensibilidade num tempo em que não havia essa sensibilidade. Ele nunca deixou de tratar dessas matérias e acompanhar os cuidadores, formais e informais, os cuidados paliativos. algumas das últimas conversas que tivemos, nas várias crises que teve no último ano e meio, tratavam dessas questões e ele sempre muito atento ao que se pensava, ao que se fazia”, afirma Marcelo, que também salienta o papel do padre Feytor Pinto no combate à toxicodependência.
D. Manuel Clemente recorda um “comunicador extraor(...)
“Teve um papel importante em tudo por onde passou. Era preciso encontrar alguém para comissariar, para orientar, para liderar, para lançar pistas e surgia naturalmente o nome do padre Vitor Feytor Pinto”, prossegue o Presidente, que cancelou uma ida a Tenerife para a Sessão de encerramento do I Encontro de Ministros da Justiça Ibero-Americanos e dos Países de Língua Oficial Portuguesa (COMJIB e CMJPLOP), onde vai estar o Rei Felipe VI de Espanha, para poder estar presente nas exéquias do padre Feytor Pinto
“As pessoas têm de perceber que há personalidades da sociedade civil que são tão importantes que se impõem a calendários, mesmo a calendários oficiais e prestar-lhes homenagem é reconhecer a importância dos valores pelos quais se bateram e a que deram toda uma vida. E foi mesmo toda uma vida, rica até ao fim. Cada vez que saia das últimas crises de saúde voltava para a paróquia e voltava para o convívio com a realidade da sociedade portuguesa. É um exemplo que merce a nossa admiração, a nossa homenagem, mas sobretudo a nossa gratidão”, justifica o chefe de Estado.
“É uma personalidade tão rica, tão variada, tão completa que é difícil falar em tudo. Era um homem excecional, uma personalidade da cultura, mas também era uma pessoa de uma grande proximidade de tudo, de grupos, movimento, casais, famílias”, diz ainda Marcelo.
“Não pertenceu à hierarquia, não foi bispo, nem arcebispo, nem cardeal, mas teve influência na formação de muitos membros da hierarquia ao longo dos anos e teve uma grande influência na Igreja portuguesa, no diálogo ecuménico, na sociedade civil, junto de sucessivos Presidentes da Republica e governos, mas também organizações internacionais” acrescenta Marcelo. E resume: “Era uma personalidade fascinante.”
O velório do padre Vitor Feytor Pinto terá início às 18h00 desta quarta-feira e será seguido de uma vigília de oração marcada para as 21h30.
Na quinta-feira, 7 de outubro, realiza-se uma missa de corpo presente presidida pelo patriarca de Lisboa, D. Manuel Clemente, às 11h30.