Tempo
|
A+ / A-

Orçamento do Estado 2023

OE 2023 “é o possível”, diz Marcelo. Não agrada “nem a gregos, nem a troianos”

10 out, 2022 - 18:38 • Tomás Anjinho Chagas

Presidente da República afirma que é um Orçamento feito “em navegação á vista” e feito em “tempos difíceis”. Marcelo salienta “almofada de 2022” que vai ser usada em 2023.

A+ / A-

“É um Orçamento em tempos difíceis”, dispara Marcelo Rebelo de Sousa numa primeira reação à apresentação do Orçamento do Estado para o próximo ano, feita numa declaração à margem de uma inauguração de uma exposição no Museu da Eletricidade.

Sem criticar, nem elogiar diretamente, o presidente da República considera que este OE “é o possível” numa altura de dificuldades relacionadas com a saída do período da pandemia e com a entrada num contexto de guerra.

Marcelo Rebelo de Sousa acredita que o aumento da receita fiscal deste ano, pode ajudar às contas do próximo ano. “É um Orçamento que tira proveito da almofada de 2022 para 2023”, defende o Chefe de Estado.

A primeira figura do Estado compreende a dicotomia do Governo e diz que o “equilíbrio que se joga neste OE não agrada nem a gregos, nem a troianos”. Ao mesmo tempo, Marcelo não condena as críticas da oposição que, segundo ele, “disse aquilo que se espera que a oposição diga”.

Num meio termo entre os que criticam o Governo por ambicionar reduzir a dívida pública e os que são céticos quanto à estratégia de gastar muito dinheiro em apoios imediatos, Marcelo Rebelo de Sousa fala em reações previsíveis: “Claro que é atacado pelos dois lados”.

Sobre as previsões dos cenários macroeconómicos (que incluem indicadores como a inflação), Marcelo Rebelo de Sousa compreende a volatilidade da situação vivida na Europa e acredita que o Governo está "a fazer a negação possível à vista da costa".

No entanto, para o presidente da República "toda a gente está a navegar à vista”, e apesar de Marcelo Rebelo de Sousa considerar que o Governo "está otimista em relação à inflação", aponta para vários países na Europa onde isso está a verificar-se. Quanto a esse otimismo, o presidente garante que espera que o Governo "tenha razão" mas assegura que vai "estar atento".

Windfall tax? Marcelo pisca o olho: "é simbolicamente importante"

Questionado pelos jornalistas sobre a medida de taxar os lucros inesperados, anunciado esta tarde por Fernando Medina, Marcelo Rebelo de Sousa começa por concordar, lembrando as suas raízes políticas.

"Eu não sou um liberal, sou um democrata-cristão", dispara o presidente da República. Para o presidente, esta medida que prevê um novo imposto sobre os lucros extraordinários das empresas ligadas aos setores da energia, é positiva.

"É simbolicamente importante como sinal de solidariedade com aqueles que estão a sofrer mais por causa da guerra”, defende o Chefe de Estado.

Inflação? "Esperar para ver se o Governo tem razão"

Quanto à evolução da inflação, o Presidente da República admitiu estar mais pessimista do que o Governo quanto à evolução da inflação em 2023, mas afirmou que "não há nada como esperar para ver", desejando que o Governo tenha razão.

"Eu tenho de reconhecer que as previsões do Governo são mais otimistas do que aquelas que eu tinha, tenho de admitir isso. E aí não há nada como esperar para ver se o Governo tem razão. Se tiver razão, eu reconheço essa razão. Se não tiver razão, então eu naturalmente estou atento", declarou Marcelo Rebelo de Sousa aos jornalistas, no Museu da Eletricidade, em Lisboa, assumindo algum "pessimismo" nesta matéria.

No cenário macroeconómico que serve de base à proposta de Orçamento do Estado para 2023 o Governo prevê taxas de inflação de 7,4% em 2022 e de 4% em 2023.

Sem apontar números para a evolução da inflação, o chefe de Estado admitiu pensar que "uma imprevisibilidade pode levar a que a taxa de inflação possa ser um bocadinho mais elevada, pelo menos no começo do ano que vem".

"Ao que o Governo responde dizendo: pois é, mas o cálculo é para o ano que vem todo, e mesmo que a inflação ainda esteja a nível de 5%, 5% e tal no começo do ano que vem, no final já não está. Portanto, é um problema de contas. Eu respeito as contas do Governo, e ficarei muito satisfeito se for o Governo a ter razão", concluiu.

[notícia atualizada às 20h49]

Saiba Mais
Comentários
Tem 1500 caracteres disponíveis
Todos os campos são de preenchimento obrigatório.

Termos e Condições Todos os comentários são mediados, pelo que a sua publicação pode demorar algum tempo. Os comentários enviados devem cumprir os critérios de publicação estabelecidos pela direcção de Informação da Renascença: não violar os princípios fundamentais dos Direitos do Homem; não ofender o bom nome de terceiros; não conter acusações sobre a vida privada de terceiros; não conter linguagem imprópria. Os comentários que desrespeitarem estes pontos não serão publicados.

Destaques V+