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"Isto não é o INATEL". Mattos Chaves quer vencer o partido, regressar ao Parlamento e sanear as contas

18 mar, 2022 - 21:46 • Tomás Anjinho Chagas

Candidato à liderança centrista defende que o CDS deve afirmar-se como um partido de direita e não como partido do centro. E promete sanear as contas do partido em três anos e meio, cortando despesa onde seja necessário. Se vencer, garante que abdica salário do partido.

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“Conservadores e democratas-cristãos”, são palavras repetidas por Miguel Mattos Chaves na apresentação da sua candidatura na sede do CDS. São traços que quer colocar no BI do partido para voltar à Assembleia da República.

Com cerca de 30 pessoas na sala, o centrista, que foi candidato à Câmara Municipal da Figueira da Foz nas últimas eleições autárquicas pelo CDS, quer voltar ao período anterior a 2011, a partir do qual o partido cometeu “erros próprios”, que afastaram o eleitorado “com razão”.

Mattos Chaves critica o rumo escolhido pelas anteriores direções, sobretudo pela de Paulo Portas, quando se coligou ao PSD, e quer um partido de direita, por definição, em oposição a um catch-all-party, ou um partido do centro, conceito que considera não existir.

“Os nossos valores e as nossas referências andaram muito esquecidos porque alguns queriam lugares. Lugares de deputados, lugares em empresas públicas. Porque pensaram que assim agradariam mais ao eleitorado”, criticou.

O candidato à sucessão de Francisco Rodrigues dos Santos defende que a política é um “serviço” e não uma carreira. Por isso, vai propôr a limitação do número de mandatos para os deputados. E quer que os candidatos à Assembleia da República do CDS sejam escolhidos pelos militantes de forma direta e distrital.

Ideologicamente, Miguel Mattos Chaves reforça o que defende na Moção de Estratégia Global, que serve de base à sua candidatura. É conservador nos costumes, e não esconde. “Nem havia igreja, já a união entre homens e mulheres se chamava casamento. Para as uniões civis de homossexuais, ter-se-á de arranjar uma nova denominação”, atira.

A “revogação do novo acordo ortográfico” e o “respeito pela história” são duas marcas ideológicas que marcam os costumes. Economicamente, reafirma a “liberdade económica”. Distingue-a do liberalismo económico, ressalvando que defende um sistema no qual os “mais frágeis” estão protegidos e “os mais capazes” são estimulados.

Pires de Lima e Mesquita Nunes? "Não sei porque é que vieram para aqui"

A outra prioridade é a união do partido, abrindo a porta aos que não querem essa união: “Se as pessoas não estão bem, não estão de acordo com as referências do partido, a porta da saída é a mesma da porta da entrada”, defende.

Miguel Mattos Chaves dá, até, o exemplo de António Pires de Lima, ex-ministro da Economia, e de Adolfo Mesquita Nunes, que saíram do partido. “São pessoas estimáveis. Não têm é a mentalidade, nem os valores, nem as referências do CDS. Não sei porque é que vieram para aqui. Há mais partidos que pensam o que eles pensam”, atira o centrista.

O candidato à liderança do CDS tocou ainda no assunto que marca a atualidade para criticar o processo de desmilitarização europeu. “Se, do lado europeu, os países tivessem armados, a Rússia poderia pensar eventualmente em invadir a Ucrânia, mas não pensaria cinco vezes. Pensaria cem vezes antes de invadir”.

"Isto aqui não é o INATEL"

O buraco financeiro do CDS é um obstáculo assumido por Mattos Chaves. O candidato alega ter um plano para o resolver em três anos e meio. Até lá, e caso vença Nuno Melo, abdica de receber um salário do partido.

No concreto, Miguel Mattos Chaves afirma que vai criar eventos que possam trazer alguma tesouraria ao partido. Quanto aos custos, admite o corte de alguns postos. “Arranjaremos as receitas para manter as pessoas que sejam necessárias. Que isto aqui não é o INATEL”.

Miguel Mattos Chaves apresenta assim a sua candidatura, que vai concorrer com a do eurodeputado Nuno Melo, a quem acusa de ter andado “dois anos a atacar o partido”.

Um dos dois vai suceder a Francisco Rodrigues dos Santos na presidência do CDS.

A decisão será tomada no próximo Congresso do partido, em Guimarães, que vai realizar-se no fim-de-semana de 2 e 3 de abril.

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