03 set, 2024 - 08:40 • Vítor Mesquita , João Malheiro
O vice-presidente da Frente Cívica, João Paulo Batalha considera que tudo aponta para que "a TAP foi assaltada".
A auditoria da Inspeção-Geral de Finanças (IGF) às contas da TAP confirma uma suspeita já existente: o negócio da privatização de 2015, quando a empresa foi comprada por David Neeleman e Humberto Pedrosa, foi financiado com um empréstimo de 226 milhões de dólares da Airbus em que a contrapartida era a compra de 53 aviões à fabricante de aeronaves, e a companhia aérea dava a garantia ao crédito.
João Paulo Batalha entende que as conclusões da IGF representam um sinal de alerta para a reprivatização em curso da TAP.
"O relatório parece confirmar que a TAP foi assaltada por David Neelman, neste processo de privatização. Depois foi assaltada outra vez, quando o Governo de António Costa dá dinheiro a David Neelman por uma empresa pela qual ele não pagou nada", aponta.
O especialista no combate à corrupção avisa que os factos conhecidos "mostram, no mínimo, uma negligência criminosa" e que é preciso estar atento "às relações entre o Estado português e as instituições privadas".
No quadro das responsabilidades políticas, o vice-presidente da Frente Cívica entende que o atual ministro das Infraestruturas, na altura secretário de Estado, Miguel Pinto Luz, deve explicações ao país.
Já sobre o papel da então ministra das Finanças, Maria Luís Albuquerque, agora indicada pelo Governo para o cargo de comissária europeia, João Paulo Batalha defende que a ligação ao processo deixa a antiga governante fragilizada.
"Levanta outras suspeitas criminais que podem não envolver a ministra, mas levantam problemas pela forma como permitiu que fosse desprotegido o interesse público. Tem de explicar de forma convincente, seguramente aos deputados europeus, mas, até antes, aos contribuintes portugueses", realça.