01 fev, 2024 - 20:28 • Liliana Monteiro , Olímpia Mairos e Ricardo Vieira
A PSP está a preparar uma operação policial para uma possível manifestação anti-islâmica em Lisboa, no sábado, ao mesmo tempo que aguarda o resultado de uma providência cautelar interposta por militantes de extrema-direita.
“A Câmara de Lisboa e a PSP encontram-se a aguardar pela competente decisão judicial, estando neste momento a planear uma operação policial que possa ser adaptada aos diferentes cenários possíveis”, indica a Polícia de Segurança Pública, em comunicado enviado à Renascença.
A PSP adianta que continua a “recolher informação e a acompanhar os desenvolvimentos” sobre a manifestação anti-islâmica, convocada para sábado, “nomeadamente através de fontes abertas”.
“Esta monitorização e recolha contínuas de informação permitem avaliar os potenciais riscos associados à iniciativa e planear a operação policial mais adequada às necessidades”, sublinham as autoridades.
O parecer da PSP é claro ao salientar um elevado r(...)
A Câmara de Lisboa não autorizou a manifestação anti-islâmica, na zona do Martim Moniz e na Mouraria, baseada num parecer da PSP, que alertou para um risco elevado para a ordem e segurança públicas.
O promotor do protesto não concordou com a decisão e interpôs uma providência cautelar junto do Tribunal Administrativo. A decisão judicial ainda não é conhecida.
O Sistema de Segurança Interna (SSI) garante à Renascença que acompanha com atenção os desenvolvimentos relacionados com a anunciada manifestação “Contra a Islamização da Europa".
Perante as notícias de que os organizadores do protesto não desistiram da ideia, a Renascença pediu esclarecimentos ao Sistema de Segurança Interna.
Na resposta, por escrito, o SSI explica que são matérias de natureza reservada. Ainda assim, declara-se atento e admite que, atendendo às características sociais e físicas do local em causa, trata-se de um evento de risco elevado.
A Renascença também contactou o Ministério da Administração Interna e a Câmara de Lisboa. Ainda não obtivemos qualquer resposta.
Para Jorge Bacelar Gouveia, presidente do Observatório de Segurança, Criminalidade Organizada e Terrorismo (OSCOT), a atenção das forças de segurança é compreensível face aos riscos envolvidos, mas sem colocar em causa o direito de reunião.
“Se a intenção for fazer aquilo que foi considerado proibido, é evidente que as autoridades devem impedir que essa manifestação e esse desfile decorra nos termos em que foram solicitados, mas que foram recusados por razões, aliás, legítimas de ausência de segurança até para os próprios manifestantes e para os moradores”, diz.
Nestas declarações à Renascença, Jorge Bacelar Gouveia lembra que “há liberdade de reunião no espaço público, mas desde que essa reunião não seja uma manifestação ou um desfile organizado, porque, assim sendo é necessário avisar as autoridades do percurso desse trajeto”.
“Se for apenas um ajuntamento de pessoas num lugar determinado e que não tenha implicação, digamos assim, na circulação rodoviária, num lugar aberto ao público, isso não precisa de nenhuma autorização”, explica.