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Crimes de ódio nas polícias. ASPP admite agir contra autores da reportagem

17 nov, 2022 - 09:38 • Fátima Casanova , Cristina Nascimento com Lusa

Caso que já levou a Inspeção-Geral da Administração Interna (IGAI) a anunciar a abertura de um inquérito.

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A Associação Sindical dos Profissionais de Polícia (ASPP) está a ponderar se deve agir na justiça contra as alegações feitas na reportagem da SIC.

O trabalho, feito por um consórcio de jornalistas de investigação, denuncia que há elementos das forças de segurança que promovem discursos racistas, xenófobos e de ódio. Neste trabalho foram identificados cerca de 600, todos no ativo, e alguns deles fazem parte da ASPP.

À Renascença, o presidente da associação Paulo Santos, admitiu que ficou surpreendido e diz que se a imagem do sindicato ficar afetada, poderá avançar para a justiça.

“Se considerarmos que a ASPP enquanto sindicato, o maior sindicato da Polícia Segurança Pública, está envolvido de uma forma negativa neste trabalho, vamos obviamente agir em conformidade”, assegura.

Paulo Santos diz estranhar a publicação de nomes e lembra que “não é pelo simples facto de um polícia, uma pessoa estar numa rede social, sem fazer qualquer tipo de comentário, seja conotado com este tipo de acusação que estão a ser feitas”.

Este caso já levou a Inspeção-Geral da Administração Interna (IGAI) a anunciar a abertura de um inquérito.

O mesmo dirigente associativo, em declarações à Agência Lusa, lembra que a "ASPP tem mais de três décadas de intervenção sindical com os seus princípios e valores bem vincados, por isso, não há espaço para comportamentos que comprometam aquilo que é a dignidade da vida humana com comportamentos racistas, xenófobos totalmente incompatíveis com a missão policial. Acho que isto é clarinho como água como se diz em bom português", sublinhou.

Paulo Santos lembrou também que a tutela tem mecanismos e instrumentos à disposição para dar conta daquilo que são eventuais condutas menos corretas por parte dos profissionais e agir em conformidade e punir elementos com esses comportamentos.

Confirmou ainda que já há algum tempo que tinham conhecimento de que alguns elementos teriam alguns comentários nas redes sociais. "Nós próprios já tínhamos alertado para elementos com algumas linhas de opinião radicais e complicadas e nada foi feito até à data", disse.

Um consórcio de jornalistas de investigação divulgou na quarta-feira uma reportagem de Pedro Coelho, Filipe Teles, Cláudia Marques Santos e Paulo Pena, na SIC, no Setenta e Quatro, no Expresso e no Público, que mostra que as redes sociais são usadas para fazer o que a lei e os regulamentos internos proíbem, com base em mais de três mil publicações de militares da GNR e agentes da PSP, nos últimos anos.

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