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Morte de bebé. Bastonário fala em "responsabilidades políticas" e rejeita culpa dos médicos

10 jun, 2022 - 12:49 • Tomás Anjinho Chagas com redação

"São situações que se podem repetir noutros hospitais", alerta Miguel Guimarães. Uma grávida perdeu bebé alegadamente por falta de obstetras no hospital das Caldas da Rainha.

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O Bastonário da Ordem dos Médicos acredita que as responsabilidades, no caso do bebé que morreu no hospital das Caldas da Rainha, são políticas e rejeita que a culpa possa sobrar para os clínicos.

"Não havendo uma urgência de obstetrícia, uma equipa de obstetrícia preparada para este tipo de situações, quem estava lá perante a emergência da situação tentou resolver. Este tipo de situação tem de ser devidamente avaliado nos seus diversos aspetos. A responsabilidade é do próprio sistema de saúde e de quem tem responsabilidade política sobre ele", começa por dizer.

A situação pode repetir-se. O Sindicato Independente dos Médicos afirmou-o e Miguel Guimarães também aponta para essa possibilidade.

"São situações que se podem repetir noutros hospitais. A morte de um bebé é sempre uma questão brutal, não é previsível que aconteça com frequência. A questão básica que é preciso esclarecer é que as equipas-tipo, que estão preparadas para salvar vidas, não têm sido cumpridas", atira.

Hospital deve ser "responsabilizado" por declarações

O Conselho de Administração do hospital enviou uma nota à Renascença em que garante que não há uma relação de causa entre a morte do bebé os problemas com as escalas. Miguel Guimarães fala numa tentativa de amenizar o caso e pede explicações.

"O hospital vai ter que explicar essa afirmação e ser responsabilizado por ela. As responsabilidades normalmente são atribuídas ao sistema de saúde e quem o lidera. Dá-me a ideia que a administração está a tentar desdramatizar a situação, que estava tudo bem. Não tenho essa informação", termina.

Uma grávida perdeu o bebé alegadamente por falta de obstetras no hospital das Caldas da Rainha. A informação foi avançada pela RTP e confirmada pela Renascença. Numa nota enviada, o hospital admite a abertura de um inquérito e participou o caso à Inspeção-Geral das Atividades em Saúde.

O incidente aconteceu na noite de quarta-feira, quando o serviço de urgência em obstetrícia daquela unidade estava encerrado por falta de médicos. A situação terá atrasado o atendimento à mulher grávida, que acabou por perder a criança.

Num comunicado enviado à Renascença, o Ministério da Saúde garante que está "a acompanhar o tema, em especial a evolução da situação clínica da utente que está internada no hospital, que se encontra estável e a quem será prestado apoio psicológico".

O Ministério da Saúde assume que "por constrangimentos na escala de ginecologia obstetrícia, impossíveis de suprir, a urgência externa do Centro Hospitalar do Oeste estava desviada para outros pontos da rede do Serviço Nacional de Saúde".

Na nota, é sublinhado um inquérito aberto pela Inspeção-Geral das Atividades em Saúde, "tendo em vista o apuramento de toda e qualquer responsabilidade".

Enquanto não há resultados, "cujos resultados serão tornados públicos, não é possível estabelecer qualquer relação entre" a ausência de médicos e o incidente.

[Atualizado às 15h30 - nota do Ministério da Saúde]

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