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António Sarmento

Médico António Sarmento defende regresso dos boletins diários da Covid-19

05 mai, 2022 - 18:32 • Pedro Mesquita , com redação

Diretor do Serviço de Doenças Infeciosas do Hospital de São João defende a importância da informação no combate à pandemia. E há uma franja da população que é essencial proteger, os mais idosos e os doentes transplantados, afirma o primeiro português a receber a vacina para a Covid-19.

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Os boletins diários da Covid-19, da Direção-Geral da Saúde (DGS), não deviam ter acabado, defende o diretor do Serviço de Doenças Infeciosas do Hospital de São João, António Sarmento, em declarações à Renascença.

António Sarmento diz não perceber porque é que a informação sobre a pandemia deixou de ser diária. Na sua opinião é uma falha, numa altura em que o número de novos casos de Covid-19 está a aumentar.

O médico, que foi a primeira pessoa em Portugal a receber a vacina contra o novo coronavírus, diz ser “evidente que a gravidade da doença não tem nada a ver com a gravidade que tinha no início, antes das vacinas, mas continua a matar muito os doentes transplantados”.

“Há uma faixa da população que está totalmente desprotegida: as pessoas mais idosas e as pessoas com comorbilidades, nomeadamente os transplantados”, adverte.

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António Sarmento em declarações a Pedro Mesquita

“Nas pessoas imunodeprimidas, muitas vezes a vacina não funciona. Como é que nós as podemos proteger? Evitando-lhes o contacto com pessoas com doença, que são novas e não vão sofrer nada com isso, mas que se não tiverem cuidado podem comprometer essas pessoas que têm muito poucas defesas. Temos que ter cuidado os mais frágeis”, defende.

Neste cenário em que a doença ainda não desapareceu, o diretor do Serviço de Doenças Infeciosas do Hospital de São João considera que a informação é essencial no combate à pandemia.

“O ideal é nós chegarmos a uma sociedade em que as pessoas tenham uma literacia em saúde para elas próprias tomarem medidas mesmo que não sejam impostas. Para isso, é importante uma informação clara e transparente das autoridades de saúde. Aquela informação que havia até 11 de março, em que a Dra. Graça Freitas ia todos os dias à televisão dizer os números… não estou a dizer que ela precise ir à televisão, mas era fundamental” divulgar essa informação, afirma.

“Quem estiver farto dessa informação não vai ao site, quem quiser ver vai ao site. Eu acho que é [uma falha]”, considera António Sarmento.

O especialista não questiona o fim da obrigatoriedade da máscara na maioria dos espaços fechados, mas “era preciso continuar as pessoas informadas diariamente”.

O Governo está a equacionar a quarta dose da vacina contra a Covid-19 para pessoas entre os 60 e 80 anos. Para a restante população, a ministra da Saúde, Marta Temido, garante que não está previsto, pelo menos por agora.

Comentários
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  • Anonimo
    06 mai, 2022 Portugal 19:17
    Tem toda a razão. Porque razão se achou por bem deixar de dar essas informações? Uma sociedade só é adulta e madura com informação. E não há informação mais objectiva do que números claros e completos.

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