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Venda de armas à Rússia é éticamente "reprovável", diz antigo ministro

17 mar, 2022 - 20:24 • Pedro Mesquita com Redação

Rui Machete diz que não foi apanhado de surpresa e explicou que quem tem conhecimentos diplomáticos sabe "que isso existe". Já o diretor executivo da Amnistia Internacional Portugal apela a que se traga a Ética e os Direitos Humanos para os negócios internacionais, pois só assim haverá "um mundo mais justo":

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O antigo ministro dos Negócios Estrangeiros, Rui Machete, diz que a venda de armas à Rússia, à revelia do embargo imposto em 2014, é éticamente "reprovável".

"Os Estados encontraram um caminho para justificar a legalidade das vendas. Os Governos esquecem muitas vezes que estas ações deviam ser reguladas pela Ética. Infelizmente, há Ética, mas não é aplicada", lamenta, ouvido pela Renascença.

A reação do antigo governante surge na sequência de dados que indicam que um terço dos Estados-membros da União Europeia (UE) exportou armas para a Rússia depois do embargo de 2014 que o proíbe, segundo dados do grupo de trabalho, que regista todas as exportações militares dos 27, analisados pelo Investigate Europe.

O embargo de 2014 seguiu-se à anexação da Crimeia e à proclamação das repúblicas separatistas do Donbass, seis meses antes.

Rui Machete diz que não foi apanhado de surpresa e explicou que quem tem conhecimentos diplomáticos sabe "que isso existe".

No negócio de armas "não há ética"

Também o diretor executivo da Amnistia Internacional Portugal reage com "tristeza, mas sem surpresa" aos dados divulgados esta quinta-feira.

Ouvido, igualmente, pela Renascença, Pedro Neto considera que no negócio de armas "não há ética".

"Há mais legislação para a importação e exportação de bananas, do que para o armamento", exemplifica.

Portugal não é um país exportador e produtor de armamento, produz e exporta componentes, o que levanta a questão se essas partes possam ter sido usadas para armas que foram entretanto enviadas à Rússia.

"É uma questão que carece de muita transparência, porque estamos a alimentar, diretamente ou indiretamente, crimes contra a Humanidade", aponta Pedro Neto.

O diretor executivo da Amnistia Internacional Portugal apela a que se traga a Ética e os Direitos Humanos para os negócios internacionais, pois só assim haverá "um mundo mais justo".

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