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Operação Miríade. Melo Gomes "pediria para sair" do cargo se estivesse no lugar de Cravinho

11 nov, 2021 - 19:17 • Pedro Mesquita , Sofia Freitas Moreira

O antigo Chefe do Estado Maior da Armada reage com perplexidade aos contornos deste caso e defende uma punição exemplar para os eventuais culpados da operação Miríade.

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Seria impensável e teria consequências imediatas uma denúncia de tráfico de diamantes a envolver as Forças Armadas que não chegasse ao conhecimento do Presidente da República, quando Ramalho Eanes era chefe de Estado, refere em entrevista à Renascença o Almirante Melo Gomes.

O antigo Chefe do Estado Maior da Armada, que também desempenhou as funções de Ajudante de Campo do Presidente Eanes, defende uma punição exemplar para os eventuais culpados do caso Miríade.

Melo Gomes diz que, no lugar do ministro da Defesa, pediria para sair e reage com perplexidade aos contornos deste caso.

"Eu olho para isto com perplexidade, porque, se há ministros que têm que ter uma ligação franca, aberta e permanente com a Presidência da República, é o ministro dos Negócios Estrangeiros e o ministro da Defesa", começa por defender. “Se há segredo de justiça, é universal. Não se entende essa argumentação”, continua.

Questionado sobre se o ministro da Defesa não seria obrigado a informar o Presidente da República, o antigo Chefe do Estado Maior da Armada diz que há uma “questão de lealdade institucional e do regular funcionamento das instituições democráticas, que obrigam que essa ligação se faça, quer através do primeiro-ministro, quer diretamente”.

Melo Gomes refere que devem existir “consequências políticas” no caso Miríade.

“Tenho muita consideração pessoal pelo ministro da Defesa, mas acho que estes sucessivos erros que têm acontecido, levam-me a considerar que ele, de acordo com os seus princípios éticos e republicanos, devia assumir essas consequências”.

Colocando-se no lugar de João Goes Cravinho, o Almirante considera que não iria querer prejudicar o Governo a que pertence e pediria para sair.

“O que eu defendo é que deve haver uma punição exemplar dos que forem considerados culpados, porque as Forças Armadas não podem ser contaminadas pelos desastrosos exemplos de algumas pseudo-lideranças no âmbito político e militar”, justifica.

Questionado sobre se algo do género aconteceria no Governo de Ramalho Eanes, sem consequências, Melo Gomes garante tal “seria complemente impensável e teria imediatamente consequências. Não tenho nenhuma dúvida sobre isso”.

O almirante Melo Gomes, que já chefiou a Armada e desempenhou, também, as funções de Ajudante de Campo, do Presidente Ramalho Eanes, é coautor do livro "A reforma da estrutura superior das Forças Armadas", que foi apresentado, na última quarta-feira, em Lisboa, pelo chamado Grupo de Reflexão Estratégica Independente.

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  • EU
    11 nov, 2021 PORTUGAL 21:21
    " CONSEQUÊNCIAS POLÍTICAS " disse o Senhor Almirante, hoje. EU, cidadão comum, já disse isso há 48 horas. Mas já agora, onde anda o Senhor ex,acessor do BE.

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