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"Qualquer pessoa que visite a Web Summit percebe que este investimento vale a pena", diz secretário de Estado

03 nov, 2021 - 15:04 • José Pedro Frazão , Filipe d'Avillez

André de Aragão Azevedo diz que não pode haver dúvidas sobre os benefícios económicos da manutenção da Web Summit em Portugal e sublinha a importância dos 115 milhões de euros que o Governo reservou para o empreendedorismo no Plano de Recuperação e Resiliência.

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O impacto da Web Summit "é inquestionável", diz André de Aragão Azevedo
O impacto da Web Summit "é inquestionável", diz André de Aragão Azevedo

secretário de Estado para a Transição Digital esteve esta manhã no stand da Renascença no Web Summit onde respondeu a perguntas sobre o futuro do evento em Portugal – mesmo em caso de mudança de paradigma político – e disse que não obstante a divulgação de um estudo que mostra que o impacto económico da Web Summit ter ficado aquém do esperado, o retorno do investimento do Governo é inquestionável.

Soubemos esta quarta-feira que o impacto económico da Web Summit terá sido menor do que o esperado. Vale a pena investimento?

Qualquer pessoa que visite a Web Summit percebe que este investimento vale a pena, qualquer pessoa que fale com os visitantes, com os investidores, com as start-ups que estão aqui presentes percebe que vale a pena, não só por aquilo que é a dinâmica que a cidade vive ao longo deste período, com hotéis cheios, restaurantes cheios, toda a movimentação que podemos observar, sobretudo de estrangeiros, mas também por aquilo que é um ativo intangível, o impacto indireto da Web Summit que tem a ver com o posicionamento do nosso país internacionalmente, que passa a estar no mapa enquanto grande evento tecnológico, enquanto anfitrião de uma grande feira tecnológica que tem objetivamente uma capacidade de nos projetar internacionalmente que nós não conseguiríamos de outra via.

Mas cria menos postos de trabalho e deixa cá menos dinheiro do que se pensava.

Não sei se se está a referir à capa do Jornal de Negócios de hoje...

Que cita um estudo, uma avaliação do Gabinete de Estudos Económicos do próprio Ministério da Economia.

Certo, mas o estudo tem de ser lido e se o ler com atenção percebe facilmente que o que está em causa, naturalmente, é um crescimento significativo, uma análise comparativa diacrónica do período de 2016 a 2019, em que fica claro que à medida que temos mais visitantes, e o número foi crescendo até cerca de 72 mil em 2019, que foram os últimos dados que serviram de base ao estudo, houve de facto um acréscimo em todas as dimensões, em todos os indicadores.

A conclusão, que acho que deve ser destacada, é de que o impacto é inquestionável. O retorno do investimento que o Estado português está a fazer neste evento, e que se comprometeu a fazer até 2028, tem um enorme retorno, isso é inquestionável e acho é isso que devemos valorizar.

Em relação a essa conclusão que refere, e que aparece de facto hoje nos jornais, tem a ver com aquilo que foi um estudo inicial que tinha na base um conjunto de premissas que o Governo, e bem, fez antes de tomar a decisão política de avançar com este investimento para dez anos e que agora foi revisitado à luz de dados concretos e da própria revisão que o INE fez de alguns indicadores, para podermos ter uma análise de impacto económico mais estruturada e mais fina.

Há uma avaliação permanente? Todos os anos é avaliada a Web Summit?

Todos os anos não, mas quisemos fazê-lo depois de um primeiro estudo inicial que tinha sido construído na base de um conjunto de premissas que se mostraram no essencial válidas, mas que agora são confirmadas na prática com aquilo que são os números objetivos do evento.

A crise política vai ter algum impacto na Web Summit?

Acho que não, acho que é consensual. Se há vantagem que o nosso país apresenta e que é reconhecida também internacionalmente, tem a ver com a consistência de políticas em que independentemente dos ciclos políticos há de facto um enorme consenso de todas as forças política no sentido de que este é um setor económico que é incontornável e estratégico para o futuro da nossa economia.

Parece-lhe que isso transcende a área política onde o Governo se insere? É algo que vai ser interrompido porque há uma outra visão do país?

Em primeiro lugar, não sabemos se vai haver alguma interrupção.

A minha expetativa é de que não haja nenhuma interrupção, mas ainda que fosse esse o caso, julgo que à direita existe também a plena consciência daquilo que é um dado incontornável. Este é um setor estratégico por aquilo que representa em termos de mudança estrutural do nosso perfil económico. As start-ups são um ativo valiosíssimo do ponto de vista de criatividade, de incorporação de inovação, de incorporação tecnológica e portanto de competitividade da nossa economia, e portanto quanto mais estimularmos este ecossistema, mais competitivos seremos enquanto país, enquanto sociedade e enquanto economia.

O que é a Aliança Europeia de Start-ups, que foi lançada esta manhã?

Resulta de uma reflexão que fizemos ao nível nacional, naquilo que foi a estruturação da presidência portuguesa da União Europeia, e o pensar um novo ciclo de empreendedorismo em Portugal, em que queríamos ser mais ambiciosos, e o que concluímos foi que era preciso, ao nível europeu, ter uma política mais proativa, que garantisse uma maior uniformidade na abordagem a várias dimensões do empreendedorismo. Nomeadamente ao nível do acesso ao financiamento, ao nível do acesso a talento, ao nível da fiscalidade, e o objetivo que tivemos foi criar uma plataforma comum, assumindo uma convergência política que conseguimos obter durante a presidência, assinámos uma declaração conjunta dos 27 estados membros no sentido de trabalharmos em conjunto para criar este mercado único de empreendedorismo, porque esse é de facto um dos aspetos que, quando fazemos uma avaliação comparativa, nomeadamente com os Estados Unidos, se percebe que a Europa compara menos bem, por isso teríamos de ter aqui esta capacidade de integrar os 27 estados membros, e a partir daí monitorizar em permanência aquilo que são os progressos no sentido de cada estado membro se tornar uma “startup nation”, uma nação amiga das startups.

Foi nesse ponto de vista que começámos a trabalhar, Portugal deu este primeiro passo, foi uma iniciativa do Governo português que mereceu desde a primeira hora todo o apoio da Comissão Europeia, e foi muito bom constatar porque de facto vem colmatar uma lacuna naquilo que é a resposta europeia ao tema do empreendedorismo. Faltava aqui esta visão integrada e este órgão de coordenação.

Qual é a medida que o Governo atual lega ao próximo, nesta área, para 2022?

Acho que devíamos destacar os 125 milhões de euros que o Governo reservou no Plano de Recuperação e Resiliência, especificamente para a área do empreendedorismo, e não posso deixar de destacar hoje também a Aliança Europeia para o Empreendedorismo, que terá sede em Lisboa e portanto fará de Lisboa a Capital Europeia do Empreendedorismo, a par com a Web Summit.

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