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Tempo, custo e conforto. Vai de carro ou de transporte público?

24 abr, 2018 - 07:45

Segundo a Deco, a maior parte dos portugueses considera que os transportes públicos não respondem às suas necessidades. Quem usa, gasta em média 70 euros por mês.

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A opção pelo meio de transporte é decidida a partir de fatores como a duração da viagem, o custo e o conforto, por esta ordem. A conclusão é da associação para a defesa do consumidor Deco, depois de um inquérito realizado em Braga, Porto, Aveiro, Coimbra, Lisboa e Setúbal.

A opção pelo automóvel é geralmente tomada em função do tempo usado na deslocação, a flexibilidade, o conforto e o custo.

Uma família que tenha de ir para o trabalho, mas que, pelo meio, tenha de passar pela escola, teria de apanhar vários transportes e despenderia mais tempo entre a partida e a chegada, exemplifica a Deco.

Por outro lado, o aumento do custo da habitação nos centros das cidades “está a empurrar muitos cidadãos para a periferia”, obrigando “a trazer carros para dentro das cidades quando regressam para os seus trabalhos, para a escola dos seus filhos, etc”.

O automóvel é, por isso, o meio de transporte mais utilizado pelos cidadãos portugueses, que justificam a escolha com as muitas falhas existentes na rede de transportes públicos.

Cerca de 80% dos inquiridos consideram que "as soluções existentes nas suas cidades não respondem de todo às necessidades que têm para se deslocarem diariamente e, portanto, persistem na utilização do transporte próprio", afirmou Bruno Santos, das Relações Institucionais da Deco, à agência Lusa.

Há “falta de uma rede de transportes públicos que supra necessidades reais”, dizem os inquiridos.

Dos que usam o carro, cerca de 85% estariam disponíveis para abandonar o transporte individual se houvesse uma articulação maior entre os transportes públicos e as suas necessidades.

O inquérito da Deco foi realizado entre novembro e dezembro de 2017 e elaborado também pelas associações congéneres de defesa do consumidor em Espanha e em Itália, tendo recebido um total de 4.412 respostas válidas, 754 das quais em Portugal.

E o trânsito?

Em Aveiro, Braga, Coimbra, Porto e Setúbal, mais de metade dos inquiridos demora entre 10 minutos e meia hora nas deslocações de todos os dias. Em Lisboa, os tempos de viagem oscilam entre 10 minutos e uma hora.

Quanto a engarrafamentos, em Lisboa são 64% e no Porto 63% os inquiridos que enfrentam engarrafamentos pelo menos uma vez por semana.

Também uma vez por semana, no mínimo, 63% dos consumidores andam mais de 500 metros a pé, com destaque para os bracarenses e portuenses, com 43% a afirmar que percorrem a pé mais de 500 metros diariamente.

"No cômputo geral, o número de pessoas a utilizarem a bicicleta é residual, embora a aposta e o incremento da quantidade de ciclovias seja visível um pouco por todo o país", é salientado no estudo.

Aveiro diferencia-se um pouco na satisfação com este meio de transporte, mas mesmo assim surgem críticas relativamente a lacunas na rede de ciclovias e a falta de opções para levar a bicicleta nos transportes públicos.

Transportes pouco pontuais

Os habitantes de Lisboa são os mais críticos em relação à frequência e à falta de pontualidade dos autocarros.

Quanto ao metro, "a insatisfação é preponderante e contamina as vertentes analisadas", com críticas à "frequência com que as carruagens passam, aos atrasos e à falta de conforto".

No Porto, o metro é o meio de transporte cujo horário, frequência e pontualidade atingem no Porto níveis de satisfação de 9 pontos no máximo de 10.

Lisboa e Porto são as cidades mais mal classificadas quanto à densidade e à fluidez do trânsito, enquanto Braga apresenta uma ligeira vantagem no modo como é classificada a experiência da condução.

Portugueses gastam 70 euros por mês em transportes

O setor dos transportes tem um grande peso nas despesas mensais das famílias. “Muitos portugueses continuam a fazer uma ginástica financeiro brutal para mensalmente pagar as despesas decorrentes dos transportes, sejam eles coletivos ou privados”, refere o porta-voz da Deco.

Setenta euros é o gasto de referência assumido pelos inquiridos, mas em Lisboa, por exemplo, o gasto é superior, com um terço dos inquiridos a referir gastar mais de 100 euros.

Para a despesa entra também o gasto em estacionamento. A maior parte procura, por isso, um lugar não pago.

"Uma boa parte dos condutores que nos responderam demora mais de 15 minutos, pelo menos uma vez por semana, a encontrar um lugar sem ter de depositar moedas", refere a associação, segundo a qual 20% dos inquiridos "sentem que o seu rendimento mensal condiciona a escolha do transporte".

Grande parte (77%) dos inquiridos recorrem a um ou dois transportes.

Os cidadãos apontam ainda críticas às infraestruturas – estradas em mau estado ou mal concebidas – ao comportamento dos condutores.

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