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Guerra na Ucrânia

EUA autorizam uso de armas contra alvos na Rússia, mas com condições

30 mai, 2024 - 21:47 • Ricardo Vieira, com agências

Joe Biden recua na posição inicial norte-americana e autoriza ataques para proteger cidade ucraniana de Kharkiv.

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Os Estados Unidos autorizaram a Ucrânia a usar armas norte-americanas para atingir alvos na Rússia, mas de forma limitada, revelou esta quinta-feira uma fonte oficial de Washington citada pela agência Reuters.

O Presidente norte-americano terá dado luz verde à utilização de armamento dos EUA apenas junto à frente de combate da cidade ucraniana de Kharkiv, próxima da fronteira com a Rússia.

A decisão equivale a um recuo por parte do chefe de Estado norte-americano e uma boa notícia para o Presidente ucraniano, Volodymyr Zelensky, que visitou Portugal na terça-feira.

Até agora, a Administração Biden opunha-se à utilização de armamento fornecido pelos Estados Unidos para atacar alvos na Rússia.

Ainda esta semana, John Kirby, porta-voz do Conselho de Segurança Nacional, tinha afirmado que os EUA eram contra o uso pela Ucrânia de armas norte-americanas para atacar território russo.

"A nossa posição não mudou nesta fase. Não encorajamos nem permitimos o uso de armas fornecidas pelos Estados Unidos para atacar em solo russo", frisou John Kirby, na terça-feira.

O conselheiro de Segurança Nacional assumiu esta posição depois do Presidente francês, Emmanuel Macron, ter defendido essa possibilidade, numa altura em que a Rússia abriu uma nova frente de batalha a norte, na zona de Kharkiv.

Na segunda-feira, a Assembleia Parlamentar da NATO, uma instituição independente da Aliança Atlântica, aprovou uma declaração de apoio à capacidade da Ucrânia de atacar alvos militares na Rússia também com armas fornecidas por países aliados.

O texto foi aprovado por 47 dos 56 países ou instituições que compõem o organismo, que funciona como elo de ligação entre a NATO e os parlamentos dos países membros da Aliança Atlântica.

O Presidente russo Vladimir Putin advertiu esta terça-feira a Europa das "graves consequências" se os países da NATO permitirem que a Ucrânia utilize armas ocidentais contra alvos em território russo.

"Estes representantes dos países da NATO, especialmente na Europa, especialmente nos países pequenos, devem saber com o que estão a brincar", afirmou Putin numa conferência de imprensa no final de uma visita ao Uzbequistão.

"Devem lembrar-se que, regra geral, são Estados com territórios pequenos, mas densamente povoados", afirmou.

Vaticano receita "escalada incontrolável"

O secretário de Estado do Vaticano, cardeal Pietro Parolin, considerou esta quinta-feira que autorizar o uso de armas fornecidas pela NATO à Ucrânia em território russo significaria uma "escalada incontrolável" do conflito.

"Penso que esta possibilidade deve preocupar todos aqueles que têm no coração o destino do nosso mundo", afirmou, lembrando ser "uma perspetiva muito inquietante" que pode "implicar uma escalada que ninguém será capaz de controlar por mais tempo".

Parolini acrescentou que o Vaticano está a trabalhar "a nível humanitário, sobretudo na questão do regresso das crianças ucranianas à sua terra natal, um mecanismo que foi lançado com a visita do cardeal Matteo Zuppi a Kiev e a Moscovo e que está a dar frutos".

O arcebispo de Bolonha, Matteo Zuppi, presidente da Conferência Episcopal Italiana (CEI), é o enviado de paz do Papa Francisco para a guerra na Ucrânia.

A Rússia invadiu a Ucrânia a 24 de fevereiro de 2022, com o argumento de proteger as minorias separatistas pró-russas no leste e "desnazificar" o país vizinho, independente desde 1991, após a desagregação da antiga União Soviética, e que tem vindo a afastar-se do espaço de influência de Moscovo e a aproximar-se da Europa e do Ocidente.

A guerra na Ucrânia já provocou dezenas de milhares de mortos de ambos os lados, e os dois beligerantes mantêm-se irredutíveis nas suas posições territoriais e sem abertura para cedências negociais.

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