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Guerra na Ucrânia

“Putin preparou o regime muito bem para fazer frente às sanções”

24 fev, 2023 - 19:15 • Pedro Mesquita

A professora da Universidade Católica Ana Maria Evans refere que a Rússia apostou "muito intensamente numa renovação do seu modelo económico para garantir autossuficiência". Um ativista russo diz à Renascença que Vladimir Putin "encontra alternativas militares, para equipamento que entra na Rússia".

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A especialista em Relações Internacionais Ana Maria Evans acredita que os sucessivos pacotes de sanções contra a Rússia não têm tido o impacto desejado, porque "Putin preparou o regime muito bem" para lhes fazer frente.

À Renascença, a professora da Universidade Católica refere que a Rússia apostou "muito intensamente numa renovação do seu modelo económico para garantir autossuficiência", desde 2014, com a anexação ilegal da Crimeia.

"Conseguiu passar de importador alimentar a um dos maiores exportadores mundiais dos cereais e de fertilizantes", aponta.

Para a especialista, esta mudança da base económica do país russo foi feita já antecipando uma invasão de grande escala à Ucrânia, que se concretizou exatamente há um ano.

"Até mesmo a nível financeiro a Rússia vendeu muitas das obrigações que tinha, pacotes financeiros que tinha ligados ao dólar, e apostou no ouro e no Iene japonês", indica.

"A vida mudou", mas a economia da população aguentou-se

A Renascença falou também com um ativista russo que vive em Portugal, mas tem família em Moscovo, que indica que a principal diferença, desde o início da guerra, no dia a dia da população russa, é a opressão interna do regime às vozes dissonantes.

Pavel Elizarov afirma, por outro lado, que surgiram alternativas internas às marcas ocidentais que permitiram manter os níveis de consumo.

“A vida mudou. Por exemplo, as pessoas não podem ir ao Ikea comprar um sofá ou ir ao McDonald's, tomar um almoço, mas apareceram alternativas. A economia caiu um pouco, mas em termos de qualidade de vida acho que não há grande alteração", conta.

O ativista explica, ainda, que Vladimir Putin "encontra alternativas militares, para equipamento que entra na Rússia", enumerando a Turquia, o Cazaquistão e a China como fornecedores destes materiais.

Pavel Elizarov, considera, contudo, que será importante fortalecer cada vez mais as sanções da União Europeia, sobretudo aquelas que limitam a capacidade militar da Rússia.

É uma opinião partilhada pelo antigo embaixador de Portugal em Moscovo, Mário Godinho de Matos, que, à Renascença, sustenta que há sanções que já demonstraram grande eficácia.

"As decisões que foram tomadas em relação aos ao petróleo e ao gás russo, evidentemente que tiveram implicações imediatas e fez até com que uma parte do petróleo do gás esteja agora a ser exportado para outros países, como a China e a Índia. Em relação a um outro conjunto de áreas, estou convencido que as repercussões serão mais a médio e longo prazo, porque existem circuitos de eventualmente paralelos", defende.

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