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Alemanha "não se opõe" ao envio de tanques para a Ucrânia. Mas a que se deve o impasse dos aliados?

23 jan, 2023 - 08:00 • Sérgio Costa , com Pedro Valente Lima

Os aliados ocidentais ainda não chegaram a uma decisão final sobre o apoio militar a prestar à Ucrânia nos próximos tempos. A Polónia tem sido um dos parceiros mais insistentes, mas Berlim tem estado hesitante, com receio de que o fornecimento de material de guerra possa escalar o conflito.

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Ucrânia. A que se deve o impasse dos aliados?

A Alemanha deverá autorizar a Polónia a entregar tanques blindados "Leopard 2" à Ucrânia. Caso tem dado que falar, especialmente devido ao relativo impasse dos aliados ocidentais no fornecimento de material de guerra a Kiev.

Berlim tem sido um dos mais hesitantes nesta questão, temendo que o equipamento bélico enviado possa resultar num escalar do conflito.

O quão importante é a decisão de fornecer material de guerra à Ucrânia?

A utilização deste material bélico é considerado essencial pela Ucrânia e por especialistas militares para travar a renovada ofensiva russa no território ucraniano. Trata-se de uma ação violenta, com as últimas notícias a dar conta que a Rússia está a recuperar terreno.

Só a utilização deste material poderá garantir a Kiev uma resposta adequada. É uma posição defendida por Boris Johnson, por exemplo. De visita à Ucrânia, o ex-primeiro-ministro britânico reforçou ser "o momento para unir esforços e dar aos ucranianos todas as ferramentas de que precisam" para vencer a guerra.

Por que razão a Alemanha mostra reservas em aceitar o envio dos tanques?

Os alemães têm receio do escalar da tensão e admite que, a partir daí, a Rússia possa subir de tom a ameaça e degenerar numa guerra mais ampla. Berlim admite que Moscovo possa entender que a cedência de tanques "Leopard 2" se traduz num envolvimento mais sério da NATO no conflito.

Quem tem pressionado mais para a cedência dos tanques é, precisamente, a Polónia, que quer enviar esse tipo de blindados para a Ucrânia. Como sabemos, a Polónia é um país da NATO. Se a Rùssia atacar, por exemplo, a Polónia, toda a Aliança Atlântica será envolvida no conflito.

E por que razão é a Alemanha, sobretudo, que tem de dar essa autorização?

Para além de ser um membro da NATO, os tanques "Leopard 2" são de fabrico alemão. No entanto, a decisão deverá passar por um acordo entre os países da Aliança Atlântica. Certo é que numa reunião na sexta-feira passada, na base militar norte-americana em Ramstein, Alemanha, os aliados ocidentais da Ucrânia adiaram qualquer decisão sobre o assunto, enfurecendo Kiev, que criticou a "indecisão".

"Cada dia de atraso é a morte de mais ucranianos", alertou o assessor de Zelensky.

Entretanto, parece haver maior abertura para garantir esse apoio militar. Quais são as novidades?

Tudo aponta para que a Alemanha autorize a Polónia a ceder os tanques à Ucrânia. Isso mesmo admitiu a ministra alemã dos Negócios Estrangeiros, Annalena Baerbock.

Entrevistada em Paris, a ministra confirmou que "se pedirem [autorização] à Alemanha, o governo de Berlim não se irá opor". Contudo, lembra que, "por enquanto, o pedido não foi feito" pela Polónia, que o tem de fazer oficialmente.

E qual é o posicionamento de Portugal?

Portugal está disponível para aceitar o envio de tanques "Leopard 2", mas aguarda a decisão de Berlim. No entanto, a questão vai ser debatida esta segunda-feira em Bruxelas, onde estará o ministro dos Negócios Estrangeiros, João Gomes Cravinho.

Desta reunião poderá sair uma decisão final sobre o apoio militar a fornecer à Ucrânia.

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  • Cidadao
    23 jan, 2023 Lisboa 11:14
    A Ucrânia está a perder tempo com este "fait divers" dos Leopard-2: nem vão chegar em numero suficiente - nunca chegarão os 300 que Zelensky afirma necessários - nem as prioridades devem ser essas. Deviam apressar ao máximo o treino dos militares nas novas armas que vão receber, deviam obter radares de aviso realmente modernos - nos últimos ataques aéreos os russos empastelaram os radares ucranianos pelo que os misseis russos foram detetados quando a interseção era quase impossível - e sobretudo, munições, muitas munições e já agora diminuir a disparidade existente em termos de artilharia. Mesmo que obtivessem os tais 300 Leopard. a Rússia enviaria o mesmo numero de T-90. Obtenham o que precisam, que a Rússia tendo percebido as quantidades de material ocidental e de soldados treinados que vão ser lançados contra eles, está novamente ao ataque antes que esse material chegue. E parem com as perdas de tempo.
  • Cidadao
    23 jan, 2023 Lisboa 11:14
    A Ucrânia está a perder tempo com este "fait divers" dos Leopard-2: nem vão chegar em numero suficiente - nunca chegarão os 300 que Zelensky afirma necessários - nem as prioridades devem ser essas. Deviam apressar ao máximo o treino dos militares nas novas armas que vão receber, deviam obter radares de aviso realmente modernos - nos últimos ataques aéreos os russos empastelaram os radares ucranianos pelo que os misseis russos foram detetados quando a interseção era quase impossível - e sobretudo, munições, muitas munições e já agora diminuir a disparidade existente em termos de artilharia. Mesmo que obtivessem os tais 300 Leopard. a Rússia enviaria o mesmo numero de T-90. Obtenham o que precisam, que a Rússia tendo percebido as quantidades de material ocidental e de soldados treinados que vão ser lançados contra eles, está novamente ao ataque antes que esse material chegue. E parem com as perdas de tempo.

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