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25 de Abril

Multidão na Avenida mostra que portugueses estão atentos em defesa da democracia, diz Marcelo

26 abr, 2024 - 20:14 • Lusa

Presidente da República e Ramalho Eanes estiveram juntos numa aula-debate, em Lisboa. Marcelo Rebelo de Sousa incentivou os jovens a agir em conjunto.

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O Presidente da República considera que o desfile deste 25 de Abril na Avenida da Liberdade mostrou que a população está atenta em defesa da democracia e apelou aos jovens para que sejam mais ativos politicamente.

Marcelo Rebelo de Sousa falava esta sexta-feira perante alunos de escolas secundárias e de universidades, no antigo picadeiro real, junto ao Palácio de Belém, em Lisboa, durante uma aula-debate sobre o 25 de Abril, que contou com a participação do general António Ramalho Eanes, primeiro Presidente da República eleito em democracia.

Referindo-se ao desfile de quinta-feira na Avenida da Liberdade, em Lisboa, no 50.º aniversário do 25 de Abril, o chefe de Estado afirmou: "É uma forma de manifestação política. É dizer: nós queremos liberdade e democracia intocáveis, e queremos melhor democracia e queremos melhor liberdade, e estamos atentos para que ninguém esvazie a nossa liberdade e a nossa democracia".

"Esse é o vosso papel hoje", defendeu Marcelo Rebelo de Sousa, dirigindo-se aos jovens.

O chefe de Estado incentivou os jovens de hoje a agir em conjunto: "Descubram onde é que devem agir, onde é que são mais úteis para agir, e façam-no em conjunto, não individualmente".

"Descubram outros com quem podem atuar em conjunto e trabalhem pela mudança, uns mais à direita, outros mais à esquerda, uns mais acima, outros mais abaixo, mas trabalhem pela mudança", reforçou.

Em cada esquina uma "Grândola". As imagens de um desfile histórico
Em cada esquina uma "Grândola". As imagens de um desfile histórico

O Presidente da República apontou a habitação, a educação, a cultura como áreas possíveis de atuação dos jovens pela mudança e disse-lhes que "tudo isso é política" e que "cada um é político". "Reivindiquem mais poder, atuem mais, estejam mais presentes", pediu.

"O 25 de Abril foi feito por jovens de 20 e 30 anos. Agora não é precisa uma nova revolução, mas é preciso mais jovens de 20 e 30 anos, e até antes disso, a ocupar a participação política, para não deixar vazios, para depois não ter de se queixar dos vazios que deixaram", considerou.

No fim desta aula-debate, moderada pela jornalista Maria Flor Pedroso, Marcelo Rebelo de Sousa declarou: "Tiveram hoje uma experiência histórica. A História não se repete. Façam a vossa História".

O 25 de Abril "é o futuro"

Ramalho Eanes também comentou o desfile na Avenida da Liberdade, declarando que "se só estivessem na manifestação os saudosistas, ficaria muito preocupado", mas que a presença de "tantos jovens" mostrou que o 25 de Abril "é o futuro".

Na opinião do antigo Presidente da República, "a democracia está de saúde" em Portugal, onde há "liberdade real" e não apenas formal, "apoiada num regime constitucional pluralista, num Estado de direito democrático e eleições indiscutivelmente livres".

Quanto ao futuro, Ramalho Eanes referiu que quando lhe perguntam se "a democracia está em perigo" responde que "está sempre em perigo a democracia - mas não está num período imediato nem está num período próximo" e acredita que "as democracias europeias nomeadamente a portuguesa vão ter futuro e acabarão por negar esse mau juízo".

Marcelo. "Ninguém trocaria uma democracia imperfeita por uma ditadura ainda que sedutora"
Marcelo. "Ninguém trocaria uma democracia imperfeita por uma ditadura ainda que sedutora"

Sobre o período em que foi chefe de Estado, de 1976 a 1986, disse que a maior dificuldade que enfrentou foi quando se pretendeu "parlamentarizar o regime" e, desafiado a falar sobre o fundador do PSD e antigo primeiro-ministro Francisco Sá Carneiro, descreveu-o como "um homem inteligente, com grande preparação política", que "era um patriota", mas fez-lhe "uma única acusação: tinha muita pressa".

Segundo Eanes, Sá Carneiro "entendia que a democracia não estava a funcionar bem" e "tentou que as coisas se modificassem através de eleições antecipadas, através da apresentação de um programa em que o semipresidencialismo seria acentuado, em que os problemas económicos teriam resposta".

"Ele pretendia resolver tudo isso, mas não respeitando a Constituição e naturalmente modificando o regime", prosseguiu. "Eu naturalmente não podia aceitar isso, e a nossa oposição, oposição frontal, assumida, teve lugar aí e resultou fundamentalmente disso", enquadrou.

No seu entender, porém, Sá Carneiro "prestou serviço ao país" e "a sua posição de impaciência" até "fez com que as coisas em Portugal se acelerassem e a democracia mais rapidamente se institucionalizasse".

"É um homem que, portanto, merece naturalmente o respeito e a homenagem dos portugueses", concluiu.

Comentários
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  • ze
    27 abr, 2024 aldeia 08:40
    Chegámos a uma situação que muitos portugueses estão a lutar para acabar com esta "democracia" de esquerda e termos uma verdadeira democracia, assim como liberdade de expressão,uma comunicação social isenta,e um país melhor.

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