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Biden reconhece oficialmente o genocídio dos arménios

24 abr, 2021 - 16:42 • Filipe d'Avillez

Cerca de 1,5 milhões de arménios morreram em massacres e deportações forçadas que reduziram a população no território que é hoje a Turquia de 2 milhões em 1914 para 400 mil, em 1922.

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O Presidente dos Estados Unidos reconheceu oficialmente o genocídio dos arménios de 1915.

"O povo americano homenageia todos os arménios que morreram no genocídio que começou há 106 anos", disse Biden na sua declaração, publicada no site da Casa Branca.

O presidente usou a palavra "genocídio" duas vezes no comunicado, cumprindo assim uma das suas promessas eleitorais.

Segundo a imprensa americana, a decisão já tinha sido tomada há vários dias, mas simbolicamente só foi anunciada este sábado, no dia em que se assinala o aniversário do evento que matou até 1,5 milhões de arménios, e ainda centenas de milhares de cristãos de outras etnias e confissões, incluindo assírios e gregos.

Joe Biden já terá mesmo informado o Presidente da Turquia, Erdogan, sobre as suas intenções, numa conversa descrita como “tensa”, que teve lugar na sexta-feira.

Turquia rejeita

A Turquia não perdeu tempo a rejeitar a declaração de Biden.

Numa nota divulgada pelo Ministério dos Negócios Estrangeiros da Turquia pode ler-se que o Governo "rejeita e denuncia" a tomada de posição.

O Ministério diz que "é claro que a declaração não tem bases académicas ou históricas, nem é apoiada por provas".

O Estado turco diz que nunca teve problemas em reconhecer a sua história e que não aceita lições de ninguém a este respeito.

O genocídio dos arménios foi levado a cabo por militares do Império Otomano, que se desmoronou no final da Primeira Guerra Mundial. A Turquia, que se formou dos escombros do Império Otomano, não só rejeita que tenha havido um genocídio como criminaliza quem o diga no seu território. Os turcos dizem que houve mortos de ambos os lados de um conflito que terá morto no máximo 300 mil arménios.

Vários estados já reconheceram oficialmente o evento como tendo sido um genocídio, mas sendo a maior potência do mundo moderno, e um aliado da Turquia, a decisão de Biden promete azedar as relações entre os dois países, que já têm estado sob pressão à medida que Erdogan consolida o seu poder e a sua visão de transformar a Turquia num estado mais islâmico e mais próximo da herança otomana.

Em 1914 havia 2 milhões de arménios em território turco, mas o número em 1922 já tinha descido para 400 mil, devido às matanças, à fuga em massa e às deportações.

Em fevereiro de 2021 havia 32 estados que reconheciam oficialmente o genocídio arménio, incluindo Portugal, a Alemanha, o Canadá, a Rússia e França. O genocídio já foi reconhecido oficialmente tanto pela Câmara dos Representantes como pelo Senado dos Estados Unidos, mas esta será a primeira vez que um Presidente americano ratifica esse reconhecimento.

[Notícia atualizada às 18h39]

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