09 set, 2019 - 18:08 • Henrique Cunha
O chamado programa Erasmus interior, que entrou na campanha eleitoral este fim de semana, não é uma novidade em Portugal e já é desenvolvido por universidades e politécnicos.
O CRUP (Conselho de Reitores das Universidades Portuguesas) disponibiliza o programa Almeida Garrett e o CCISP (Conselho Coordenador dos Institutos Superiores Politécnicos) coloca à disposição dos seus estudantes o programa Vasco da Gama. Ou seja, o “conceito já existe”.
No sábado, António Costa, primeiro-ministro e secretário-geral do PS, defendeu a criação de um Erasmus Interior para os jovens que vão "com mais facilidade ao estrangeiro do que a Vila Real". No dia seguinte, foi a vez de o seu homólogo Rui Rio garantir que o PSD já tinha feito a proposta há largos meses. Para além disso, lembrou que a ideia faz parte do programa eleitoral.
Presidente da FAP admite pouca divulgação dos conceitos
Esta segunda-feira, em declarações à Renascença, o presidente da Federação Académica do Porto (FAP), João Pedro Videira, lembra a ambos os líderes que já há programas que incentivam a mobilidade dos estudantes.
“Não são financiados através do Orçamento do Estado ou através de outras linhas de financiamento”, mas, “como programas de mobilidades interna, assemelham-se aos programas de mobilidade internacional, nomeadamente ao abrigo do Erasmus”, explica.
O líder da FAP admite haver pouca divulgação dos conceitos, mas não deixa de criticar PS e PSD pelo desconhecimento. “Quem está a legislar e quer estar à frente do país tem de pesquisar e tem de saber daquilo que está a falar”, criticou.
João Pedro Videira, estudante do Instituto Superior de Engenharia do Porto, conclui que “não se está a reinventar a roda” e que “em vez de se estar a criar um novo programa, faria sentido apoiar os que já existem”.
Erasmus interior tem de ser atrativo, diz presidente do Politécnico de Bragança
O presidente do Instituto Politécnico de Bragança prevê que, se a aposta for "replicar" o Erasmus tradicional, os alunos vão continuar a preferir ir estudar para o estrangeiro.
Para Orlando Rodrigues, "a medida pode ser interessante" mas "tem de ser afinada, pensada e desenvolvida" para ser "mais atrativa do que o Erasmus tradicional". Se pura e simplesmente o replicar, é provável que os estudantes "tenham mais interesse em conhecer outro país e outra língua".
Para além disso, o responsável defende que os programas já existentes sejam revisitados e corrigidos: "É necessário ver porque não resultaram, o que é que falhou e o que é que se pode acrescentar e modificar para que eles se tornem eficazes".