04 abr, 2023 - 06:32 • Manuela Pires
Veja também:
O líder do PSD já veio publicamente afirmar que o administrador financeiro da TAP “mentiu” na comissão parlamentar de inquérito, e isso “tem de ter consequências", lembrando que é Gonçalo Pires que reporta diretamente às Finanças, apelando a Fernando Medina e ao primeiro-ministro para tomarem uma posição.
As declarações do líder do PSD foram feitas na véspera da comissão parlamentar de inquérito à tutela política da gestão da TAP ouvir uma das figuras principais deste caso, a presidente executiva da TAP, Christine Ourmières-Widener, que acabou por ser demitida pelo Governo.
O PSD espera, por isso, que a audição desta terça-feira a Christine Ourmières-Widener seja esclarecedora em vários pontos.
Uma fonte parlamentar disse à Renascença que espera que a CEO da TAP, que abandona o cargo em breve, explique os contornos da saída de Alexandra Reis e seja esclarecedora sobre quem, na administração da empresa, e no Governo sabia que a gestora ia sair da companhia aérea com uma indemnização de 500 mil euros.
O PSD pediu para ouvir prioritariamente a CEO da TAP na comissão de inquérito e para ter acesso ao depoimento que Christine Ourmières-Widener enviou à Direção-Geral do Tesouro e Finanças a responder à sua demissão.
Luís Montenegro desafia o primeiro-ministro e o mi(...)
Nesse depoimento a presidente executiva da TAP conta o que se passou, qual o envolvimento de cada um dos intervenientes no processo de saída de Alexandra Reis e contesta ainda o facto de não ter sido ouvida presencialmente pela Inspeção-Geral de Finanças (IGF) na elaboração do relatório, que conduziu à sua saída da empresa.
Segundo a TVI/CNN, Christine Ourmières-Widener garante que o CFO da TAP sabia de todo o processo de saída de Alexandra Reis e era a Gonçalo Pires que cabia comunicar ao Ministério das Finanças.
Os deputados ouviram, na semana passada, o inspetor-geral das Finanças garantir que, nem o administrador financeiro, nem o antigo ministro Pedro Nuno Santos tinham, segundo a lei, de informar as Finanças sobre o acordo com Alexandra Reis.
Pressionado pelos deputados, António Ferreira dos Santos acabou por dizer que “é natural que o administrador financeiro tenha sabido. Em que momento não consigo precisar”.
Gonçalo Pires, o administrador financeiro da TAP, esteve cinco horas a responder aos deputados, mas acabou sempre por dizer que não esteve envolvido, não participou e só uns dias antes de ter sido assinado o acordo, teve conhecimento da saída de Alexandra Reis.
Ao fim de apenas uma semana de audições, Luís Montenegro acredita que a comissão vai “permitir aferir o grau de conhecimento e responsabilidade política de alguns membros do Governo”.
A CEO demissionária da TAP vai contestar o despedimento por justa causa, que diz não ter fundamento legal.
Segundo a contestação da defesa de Christine Ourmières-Widener, revelada pela TVI/CNN, a semana passada, a presidente executiva da TAP acusa o Governo de ter tido “pressa política” em despedi-la e por isso vai contestar o despedimento por justa causa, que diz “carecer de fundamento legal”.
A CEO foi demitida, em conjunto com o presidente do conselho de administração, Manuel Beja, depois de avaliado o relatório da Inspeção-Geral de Finanças sobre a saída de Alexandra Reis da TAP.
Segundo a TVI/CNN, Christine Ourmières-Widener garante que o CFO estava a par da saída de Alexandra Reis e que cabia a Gonçalo Pires informar as finanças de todo o processo.
Depois da CEO da TAP, os deputados da comissão de inquérito recebem na quarta-feira Alexandra Reis, a antiga secretária de Estado do Tesouro.