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Dos transportes ao pão, das portagens ao gás. Que preços vão aumentar em 2023?

26 dez, 2022 - 12:16 • Marta Pedreira Mixão com Agência Lusa

Em 2022 a inflação disparou, as taxas de juro do crédito à habitação não pararam de subir, depois de anos no negativo, e o poder de compra das famílias caiu. Para 2023, já há algumas subidas de preços dadas como certas. Saiba quais.

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Preço do pão deverá voltar a subir em 2023

O preço do pão deverá voltar a subir em 2023, em função do aumento dos custos das matérias-primas e da energia, mas também impactado pela atualização do salário mínimo nacional, adiantou à Lusa a ACIP.

“Muito dependerá da variação dos preços das matérias-primas e energias, mas será muito provável que aumente, até pelo impacto do aumento do salário mínimo”, perspetivou a direção da Associação do Comércio e da Indústria da Panificação (ACIP), em resposta à Lusa.

De acordo com a associação, apenas uma parte dos aumentos tem sido refletida no preço pago pelo consumidor, o restante tem sido suportado pelos produtores que, por sua vez, registam uma quebra nas margens de lucro.

Bilhetes ocasionais do Metro de Lisboa e da Carris aumentam 10% para 1,65 euros

O bilhete mais barato para andar no metro e nos autocarros da Carris vai custar mais 15 cêntimos em 2023.

Os preços dos bilhetes ocasionais do metro de Lisboa e da Carris vão aumentar 10%, para 1,65 euros por viagem, a partir de 1 de janeiro. O preço atual de uma viagem no Metropolitano e na Carris através do bilhete ocasional pré-comprado é de 1,50 euros.

No caso dos carregamentos “zapping” em cartões Viva Viagem e Navegante, cada viagem custará 1,47 euros, mais 12 cêntimos do que em 2022 (com o custo de 1,35 euros).

Na página na Internet, o Metro salienta que em 2023 os bilhetes diários (válidos para as viagens realizadas em 24 horas após a primeira validação) para a Carris/Metro custarão 6,60 euros (6,45 euros em 2022), Carris/Metro/Transtejo 9,70 euros (9,60 euros este ano) e Carris/Metro/CP mantém o preço de 10,70 euros.

Andar de metro e autocarro no Porto também fica mais caro

Comprar um bilhete de uma ou duas zonas (Z2) vai ficar cinco cêntimos mais caro, já que o bilhete passará a custar 1,30 euros - o que se traduz num aumento de 4%, segundo informação da Andante. Para três zonas (Z3), o aumento será de 10 cêntimos.

Ao contrário do que acontece em Lisboa, os aumentos mais significativos estão nos bilhetes de 24 horas (Andante 24), o bilhete Z2 vai aumentar 50 cêntimos, para 4,70 euros, o que corresponde a um aumento de mais 11,9%. Para a zona Z3, o aumento é do mesmo valor, para 6,05 euros.

Já um bilhete adquirido num autocarro dentro da Área Metropolitana do Porto, passa a custar 2,50 euros. No caso da STCP, o aumento é de 50 cêntimos.

Ligações fluviais no Tejo com aumentos entre 5 e 15 cêntimos

O preço dos bilhetes nas ligações fluviais entre a Margem Sul do Tejo e Lisboa vão aumentar no próximo ano entre cinco e 15 cêntimos, de acordo com o tarifário a aplicar a partir de janeiro.

Segundo uma nota publicada na página da Internet da empresa que assegura aquele transporte fluvial, a Transtejo/Soflusa, os bilhetes simples inteiros na ligação Montijo-Cais do Sodré vão passar de 2,85 euros para três euros e nas ligações Barreiro-Terreiro do Paço e Seixal-Cais do Sodré o preço sobe de 2,50 euros para 2,65 euros.

A ligação de Cacilhas para o Cais do Sodré passa a custar 1,40 euros (1,30 euros este ano) e o percurso Trafaria-Porto Brandão-Belém 1,30 euros (1,25 este ano).

Os títulos TTSL e os títulos Navegante, relativos a passes de 30 dias/mensais, não sofrem alterações em relação aos valores aplicados este ano, já que o governo determinou o congelamento dos preços na sequência do pacote de apoios às famílias.

O tarifário a aplicar em 2023 está disponível online.

Portagens aumentam 4,9%

As portagens vão aumentar 4,9% a partir de janeiro, anunciou o ministro das Infraestruturas, no final do Conselho de Ministros de 22 de dezembro, considerando “equilibrada” a solução a que foi possível chegar e recentemente aprovada.

“Era para nós claro que um aumento de 9,5% e 10,5% era insuportável, mas também há contratos e responsabilidades (...) e tentámos encontrar uma solução equilibrada que permitisse um aumento menor”, disse o ministro Pedro Nuno Santos.

Assim, a partir de 1 de janeiro, as taxas de portagens terão um aumento que será 4,9% a ser suportado pelos utilizadores. Acima deste valor, precisou o governante, “2,8% serão responsabilidade do Estado e o remanescente, até 9,5% ou 10,5%, será suportado pelas concessionárias”.

Segundo o ministro, o Estado vai gastar cerca de 140 milhões de euros para limitar o aumento das portagens para os utilizadores a 4,9% a partir de janeiro.

Fatura do gás natural aumenta 3%

A fatura do gás natural vai aumentar, a partir de janeiro, cerca de 3% para os clientes mais representativos do mercado regulado, depois de um desvio nas previsões dos preços de aquisição, adiantou a ERSE.

Em comunicado, a ERSE – Entidade Reguladora dos Serviços Energéticos referiu que atualizou “o preço da tarifa de energia do mercado regulado, em mais dois euros por MWh, com efeitos a partir de 1 de janeiro de 2023”.

Assim, “esta atualização ocorre num momento em que os mercados de energia são particularmente afetados pelo conflito que decorre entre a Ucrânia e a Rússia”, sendo que “a tarifa de energia reflete o custo de aquisição de energia do Comercializador de Último Recurso grossista [CURg], sendo uma das componentes que integra o preço final pago pelos consumidores no mercado regulado”.

Assim, a fatura média mensal, a partir de janeiro 2023, para um casal sem filhos (1.º escalão de consumo, consumo 1.610 kWh/ano) aumenta 0,33 euros e para um casal com dois filhos (2.º escalão de consumo, consumo 3.407 kWh/ano) sobe 0,70 euros.

“A aplicação da nova tarifa de energia produz efeitos a partir de 1 de janeiro de 2023 e abrange os consumidores no mercado regulado (cerca de 3% do consumo total e de 324 mil clientes, em outubro de 2022)”, destacou a ERSE.

De relembrar, a possibilidade aberta pelo Governo de o consumidor regressar ao mercado regulado, através de um processo simples e sem custos.

Já a Galp indicou que para os seus clientes "as faturas do gás natural permanecerão inalteradas nos primeiros três meses de 2022".

Preço da eletricidade sobe 1,6%

O preço da eletricidade em mercado regulado aumenta 1,6% em janeiro de 2023, sendo que a subida ascenderá a 3,3% em relação à média deste ano, valores superiores aos propostos em outubro, anunciou a ERSE — Entidade Reguladora dos Serviços Energéticos.

Em comunicado, a ERSE adiantou que “para os clientes que permaneçam no mercado regulado (que representam 6,7% do consumo total e 941 mil clientes, respeitantes a final de outubro de 2022), ou que, estando no mercado livre, tenham optado por tarifa equiparada, a variação média anual das tarifas transitórias de Venda a Clientes Finais em Baixa Tensão Normal (BTN) é de 3,3%”.

De acordo com os dados publicados pela ERSE, com este aumento, a fatura média mensal, a partir de janeiro 2023, para um casal sem filhos (potência 3,45 kVA, consumo 1.900 kWh/ano) aumenta 0,54 euros, e para um casal com dois filhos (potência 6,9 kVA, consumo 5.000 kWh/ano) sobe 1,41 euros.

Por outro lado, a “variação anual apresentada é relativa ao preço médio do ano 2022, que integra as atualizações em alta da tarifa de energia em abril e outubro de 2022, bem como a fixação excecional de tarifas em julho de 2022”, sendo que, “fruto destas alterações, numa perspetiva mensal, em janeiro de 2023 os clientes de BTN em mercado regulado registarão um aumento médio de 1,6% em relação aos preços em vigor em dezembro de 2022”.

No mercado liberalizado, a EDP Comercial anunciou que vai aumentar em cerca de 3%, em média, o valor da fatura da eletricidade dos clientes residenciais. Já a Endesa prevê manter o valor global das faturas de eletricidade, passando a incluir o custo do mecanismo ibérico, mas reduzindo os preços da eletricidade.

No entanto, outros vão descer a tarifa e até de forma significativa. A Galp informou que ia reduzir as faturas em cerca de 11%, em média, a partir do início de 2023, segundo fonte oficial.

Por sua vez, a Iberdrola informou que a fatura vai descer, em média em 15%, referindo que esta redução "aplica-se às componentes de energia e custos de acesso".

Taxas de juro continuam a subir

Os juros do Banco Central Europeu (BCE) estão nesta altura nos 2,5%, mas os especialistas acreditam que, durante o próximo ano, devem ainda subir para os 4%. O aumento é considerável, tendo em conta que há apenas um ano estavam no zero.

O governador do Banco de Portugal, Mário Centeno, considera que haver mais subidas das taxas de juro é uma "inevitabilidade" e acredita que a inflação dará sinais mais visíveis de abrandamento a partir do final do primeiro trimestre de 2023.

Mário Centeno referiu ainda que o pico da inflação em Portugal estará prestes a ser atingido: “em outubro ultrapassou os 10%, em novembro caiu ligeiramente; é expectável que em dezembro volte a cair”. Mas deverá voltar a subir no início do ano.

Em entrevista na RTP, Mário Centeno admitiu que num cenário de previsibilidade e sem que haja um agravamento do conflito da Ucrânia, a taxa de referência do BCE deverá continuar a subir até um máximo de 3,5% para, depois, convergir para a taxa de juro neutral que, no caso europeu, está estimada em cerca de 2%.

Os preços das casas em Portugal continuaram a subir em 2022, mas, de acordo com a análise recente do Financial Times, quase todos os países deverão sentir um abrandamento generalizado em 2023.

Rendas podem subir até um máximo de 2%

As rendas podem subir até um máximo de 2%. Este foi o limite fixado pelo Governo para mitigar o impacto da inflação e vigora quer para o arrendamento de habitações quer de espaços comerciais.

Cabaz alimentar continua a aumentar

Já os produtos alimentares dependem do mercado e da inflação, mas ao longo deste ano o custo do cabaz alimentar subiu muito.

No fim de 2022, está 35 euros mais caro que o preço cobrado antes da Guerra na Ucrânia, que começou a 24 de fevereiro, custando 218 euros e 94 cêntimos.

Os cereais e o peixe foram os produtos que registaram a maior subida.

A associação de Defesa do Consumidor tem monitorizado todas as semanas os preços de um cabaz de 63 produtos alimentares essenciais que inclui bens como peru, frango, pescada, carapau, cebola, batata, cenoura, banana, maçã, laranja, arroz, esparguete, açúcar, fiambre, leite, queijo e manteiga.

A associação explica que este aumento se deve ao facto de Portugal estar “altamente dependente dos mercados externos para garantir o abastecimento dos cereais necessários ao consumo interno”.

Um custo acrescido que vai existir é com as embalagens de utilização única, já se pagava as embalagens de plástico e, a partir de 1 de janeiro, também as de alumínio, usadas sobretudo para embalar alimentos e que passam a ter um custo de 30 cêntimos cada.

A incerteza dos combustíveis

O preço dos combustíveis para 2023 é incerto, porque as atualizações da gasolina e do gasóleo são semanais e sobem e descem consoante a evolução do preço do petróleo e de outros fatores nos mercados internacionais.

[Atualizada às 09:30 a 30/12/2022]

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