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Como Américo Amorim construiu um império, da cortiça à energia

13 jul, 2017 - 16:55

Com uma fortuna superior a 4 mil milhões de euros, era o homem mais rico de Portugal. Morreu esta quinta-feira, aos 82 anos.

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Único português no “ranking” 2016 dos 500 mais ricos da revista Forbes, com uma fortuna superior a 4.000 milhões de euros, Américo Amorim, que morreu esta quinta-feira, aos 82 anos, deixa três filhas e um património baseado na cortiça, que se estende do imobiliário à energia.

O empresário de Mozelos, Santa Maria da Feira – que afirmou que não se considerava “rico”, mas “trabalhador”, numa referência ao percurso que o levou desde a pequena empresa fundada pelo avô em 1870 a líder mundial no sector da cortiça – tem hoje uma actividade empresarial que vai desde a banca à bolsa, casinos, luxo, unidades turísticas e empresas petrolíferas.

Nascido em 21 de Julho de 1934, Américo Ferreira de Amorim terminou o Curso Geral do Comércio e ingressou na empresa de cortiça da família, cuja origem remonta a 1870, tendo participado com os seus irmãos na fundação da Corticeira Amorim, da Ipocork e da Champcork, empresas do sector dos derivados da cortiça.

Posteriormente tornou-se responsável executivo da “holding” Corticeira Amorim, que controla as empresas corticeiras, e, através de outra “holding” – a Amorim Investimentos e Participações – estendeu os seus investimentos aos sectores da energia, do turismo e da banca, tornando-se num dos principais accionistas do Banco BIC Português e concentrando em nome individual participações sociais de relevo na Galp Energia (detém a maioria do capital da Amorim Energia, que, por sua vez, controla 38,34% da Galp Energia, SGPS) e no Banco Popular Español (que entretanto vendeu).

Actualmente, o Grupo Amorim detém posições em dezenas de empresas nos cinco continentes e em diversas áreas económicas, desde a cortiça (através da Corticeira Amorim) ao têxtil (através da centenária Gierlings Velpor, especializada em veludos e têxteis técnicos), à vitivinicultura e ao enoturismo.

Na área da cortiça, o Grupo Amorim é o líder mundial através de 78 empresas, das quais 28 são unidades industriais de transformação, estando os seus produtos presentes em mais de 100 países. A família Amorim gere áreas de floresta e montado de sobro superiores a 12 mil hectares.

Já no sector imobiliário a presença do grupo remonta aos anos 50, sendo actualmente detentor de activos imobiliários em Portugal e Brasil, sobretudo concentrados no segmento imobiliário e turístico.

Dos bancos aos bens de luxo

Américo Amorim detém ainda uma experiência de 30 anos no lançamento de operações no sector financeiro, num percurso que começou em 1981 como accionista fundador da Sociedade Portuguesa de Investimentos (SPI) – a primeira sociedade financeira privada em Portugal após a revolução de 1974 e que esteve na base da criação de diversas instituições financeiras em Portugal, Angola e Moçambique - e que se prolonga até hoje com participações relevantes em instituições bancárias na Península Ibérica e em África.

Em Moçambique, o Grupo Américo Amorim (GAA) lançou em agosto de 2011 um banco universal de retalho designado Banco Único e, em 2012, tornou-se accionista do Banco Luso Brasileiro, que opera no Brasil há mais de duas décadas.

O sector de bens de luxo é considerado “uma área de negócio de forte potencial futuro” onde o grupo apostou através da marca Tom Ford, criada em 2005 pelos antigos director criativo e o presidente executivo da Gucci (respectivamente Tom Ford e Domenico de Sole) e a cujo projecto Américo Amorim se associou adquirindo uma participação de 25% em finais de 2007.

É precisamente na área da moda que se especializou a filha mais velha de Américo Amorim, Paula, que é vice-presidente do GAA e dona das lojas de moda Fashion Clinic e Gucci, que em Outubro de 2016 substituiu o pai na presidência do Conselho de Administração da Galp Energia.

A filha Marta tem também cargos no GAA e desempenha funções noutras empresas detidas pela família, enquanto Luísa, apesar de já ter passado “por todas as áreas da corticeira" – actualmente liderada pelo primo, António Rios Amorim – ficou à frente do negócio de vinhos do grupo na Quinta Nova de Nossa Senhora do Carmo e na Quinta de S. Cibrão, em Sabrosa, no Douro, num total de 250 hectares.

Cônsul-geral honorário da Hungria em Portugal, a 24 de Novembro de 1983 Américo Amorim foi feito comendador da Ordem Civil do Mérito Agrícola e Industrial Classe Industrial, a 16 de Janeiro de 1997 foi feito 121.º Sócio Honorário do Ginásio Clube Figueirense e a 30 de Janeiro de 2006 foi agraciado com a Grã-Cruz da Ordem do Infante D. Henrique.

Foi no “ranking” de 2010 dos 500 mais ricos da revista Forbes que Américo Amorim passou a surgir como o homem mais rico de Portugal, ultrapassando Belmiro de Azevedo e ocupando a 212.ª posição entre as maiores fortunas do mundo. Na lista de 2016, o empresário surge na posição 385, uma descida de 16 lugares, apesar de a sua fortuna ter aumentado de 4,1 mil milhões de dólares para 4,4 mil milhões de dólares (3,7 mil milhões de euros).

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