O bispo de Lamego confirmou esta segunda-feira que recebeu uma lista com dois nomes de sacerdotes da diocese alegadamente suspeitos de abuso. “Eles mandaram-me dois nomes secos. Só nomes, tome nota, portanto tenho zero informação”, revela em declarações à Renascença.

D. António Couto não esconde a indignação pelas afirmações de elementos da Comissão Independente (CI) que fez o estudo dos abusos na Igreja, nomeadamente de Daniel Sampaio. “Disse publicamente que todos os bispos receberam listas com nomes e respetivas informações. Ora, o bispo de Lamego recebeu nomes, mas nada mais", assegura D. António Couto, que já pediu à CI que se retrate do que tem dito.

“Enviei um email a pedir com urgência me mandem as devidas indicações, e que aproveitem para publicamente dizerem que erraram, porque disseram que foram todos os bispos que receberam listas com informação, e o que me chegou foram dois nomes singelos, sem qualquer informação anexa, nada, zero! Nunca vi tal coisa!". E nas outras dioceses? “Os outros colegas não sei, eu falo por mim”, sublinha.

D. António Couto já chamou os sacerdotes identificados na lista. “Sei quem são e já falei com eles, porque não estamos livres de que os nomes venham a aparecer na imprensa, e para que não viessem a saber pelos jornais, chamei-os. Foram informados”. A diocese “também já sabe que o bispo tem dois nomes, sem qualquer indicação mais”.

Com o pouco que tem, dois nomes, vai comunicar ao Ministério Público. “O que eu vou fazer com certeza, vamos ver se eles aceitam, é levar esse dois nomes ao Ministério Público, e que façam o quiserem e me digam”.

Quanto a um processo canónico “não o posso abrir, porque não tenho nada. Nunca recebi nenhuma queixa”, garante, lembrando que tem atuado quando se justifica, como aconteceu em outubro de 2022, quando a diocese afastou dois sacerdotes. Um deles era responsável por algumas paróquias do concelho de Vila Nova de Foz Côa, por suspeita dos crimes de tráfico humano e abuso sexual de pessoa incapaz - um adulto de 44 anos, que tinha a seu cargo desde 2015. O outro caso é relativo a um padre de Cinfães.

“Quando me chegam dados objetivos, é evidente que eu trabalho, e em dois casos os processos estão abertos, estão no civil e em Roma. Aqui faria a mesma coisa, se tivesse informação”, acrescenta ainda.

A diocese de Lamego não emitiu ainda, como têm feito quase todas, um comunicado sobre a lista entregue pela Comissão Independente, mas admite fazê-lo com base na informação que vier entretanto a receber.