13 mar, 2023 - 15:22 • João Malheiro , Salomé Esteves (visualização) Redação
Até ao momento, as dioceses portuguesas receberam da Comissão Independente (CI) um total de 98 nomes de alegados abusadores, 93 dos quais são sacerdotes. Destes, 36 pessoas identificadas já faleceram. Dos restantes, pelo menos nove já foram afastados preventivamente, enquanto outros oito não se encontravam no ativo.
Em todas as dioceses existem discrepâncias entre os números apresentados no relatório da Comissão Independente e os comunicados pelos bispos.
A partir de uma tabela constante no relatório da CI, a Renascença apurou que os testemunhos revelaram a existência de 272 pessoas do clero suspeitas de abusos contra crianças, 43 leigos e sete indeterminados.
Os mesmos números revelam que os arquivos permitiram identificar mais 23 membros do clero que, alegadamente, abusaram sexualmente de menores. Além disso, idetificaram-se mais 45 clérigos através de levantamento próprio.
Em todos os modos de recolha de informação, a Comissão Independente contabilizou um total de 393 pessoas abusadoras nas dioceses. Ao incluir outras instituições e instituições de ensino, esse número sobe para 507. Nesta contagem, conforme indicado no relatóroi, foram excluido os casos decoridos no Corpo Nacional de Escutas que foram contabilizados nas dioceses em que ocorreram.
A partir deste número, a CI comunicou que elaborou uma lista de pouco mais de 100 nomes. A lista foi entrega à Conferência Episcopal, ao Ministério Público e distribuída por cada uma das dioceses, de acordo com a proveniência dos padres, maioritariamente, ou outros membros da Igreja.
Após a divulgação do número de nomes recebidos por todas as dioceses, esta lista contém 98 sacerdotes e leigos, potenciais abusadores.
A diferença de cerca 300 pessoas entre os registos ainda não foi esclarecida pela Comissão Independente.
O bispo do Funchal, D. Nuno Brás, recebeu quatro nomes resultantes das denúncias de vítimas de abusos sexuais.
Na Madeira, foram reportados 14 casos de abuso, no âmbito do trabalho da Comissão Independente.
A Arquidiocese de Évora promoveu o “afastamento cautelar” de um sacerdote identificado pela Comissão Independente.
A informação foi avançada num comunicado em que a arquidiocese anuncia também o início de uma investigação, de factos alegadamente “referentes a abusos ocorridos contra rapazes na década de 1980, no Seminário Menor”.
A Diocese de Angra também impediu dois nomes denunciados de exercer o ministério, até ao final de um processo de investigação.
A diocese sublinha que a decisão “não é uma assumpção de culpa dos próprios nem uma condenação por parte do Bispo diocesano”, trata-se de “seguir aquilo que o Papa Francisco tem recomendado como norma e prática da Igreja em matéria de abusos, sobretudo depois da publicação do Vade-mécum sobre procedimentos para enfrentar casos de abuso de menores na Igreja”.
O bispo de Viana do Castelo recebeu dois nomes de padres denunciados por alegados abusos sexuais. D. João Lavrador revela que um sacerdote morreu e outro já não estará no ativo.
D. João Lavrador defende que nestes casos os religiosos devem ser afastados de funções preventivamente, enquanto decorre a investigação.
A Comissão Independente para o Estudo dos Abusos Sexuais na Igreja em Portugal entregou ao Bispo do Algarve uma lista com dois nomes de sacerdotes, alegados abusadores.
Em comunicado, a diocese esclarece que num dos casos já se atuou.
Um comunicado assinado pelo próprio bispo de Portalegre-Castelo Branco confirma que a Comissão Independente que investigou os abusos na Igreja Católica recebeu “denúncias relativas a cinco alegados casos de abuso sexual ocorridos no território da Diocese de Portalegre-Castelo Branco e referentes a membros do clero”.
O bispo acrescenta que “se a identidade de alguma alegada vítima vier a ser conhecida, agiremos em conformidade”, e que a diocese “tudo fará para que os abusos de menores e pessoas vulneráveis nunca venham a ter lugar, adotando a tolerância zero”.
O bispo D. António Luciano dos Santos Costa afirma que todos os casos remetidos pela Comissão Independente para o Estudo dos Abusos Sexuais de Crianças na Igreja Católica eram do seu conhecimento e assegura que “foram tratados segundo as normas aplicáveis, quer a nível canónico, quer a nível civil, tendo também sido entregues ao ministério público”.
A Diocese de Santarém confirmou, em comunicado, que nenhum sacerdote foi identificado na lista de alegados abusadores da Comissão Independente (CI) para o Estudo dos Abusos Sexuais de Crianças na Igreja Católica.
Num esclarecimento prestado à Renascença, o responsável pela comunicação da diocese, o sacerdote João Ramalho Ribeiro, adianta que “foram sinalizados dois casos em 2013, julgados civicamente e canonicamente, referentes a um padre”, mas que nem essa informação consta da lista recebida.
A Diocese da Guarda confirma que recebeu nomes de dois padres por parte da Comissão Independente e que um foi afastado preventivamente, enquanto o outro já faleceu.
"Assumimos o compromisso sério da Igreja em Portugal para erradicar os abusos sexuais de crianças e jovens, porque isto é algo não só devastador para as vítimas, mas também completamente contraditório com aquilo que a Igreja é, com aquilo que é o seu papel e daquilo que ela pretende fazer", conclui o texto.
A Arquidiocese de Braga confirma, em comunicado, que recebeu nomes de oito alegados abusadores por parte da Comissão Independente para o Estudo dos Abusos Sexuais de Crianças na Igreja Católica em Portugal e que um foi afastado preventivamente.
“A investigação será aprofundada, tendo sido pedida mais informação à Comissão Independente”, acrescenta o comunicado.
A lista da Comissão Independente entregue ao Patriarcado de Lisboa identifica 24 sacerdotes suspeitos de abuso, incluindo cinco ainda no ativo e oito que já morreram.
Os números foram divulgados esta sexta-feira, ao início da tarde, num comunicado enviado pela diocese às redações.
A 21 de março, o Patriarcado de Lisboa comunicou o afastamento de quatro sacerdotes que se encontravam no ativo.
A Comissão Independente responsável por investigar o abuso sexual de menores por elementos da Igreja entregou à diocese do Porto uma lista de alegados abusadores que continha 12 nomes, sete deles ainda vivos.
Por agora, a diocese não vai avançar com o afastamento cautelar dos padres visados, à semelhança da decisão tomada pelo Patriarcado de Lisboa.
O bispo de Aveiro, D. António Moiteiro Ramos, anunciou esta sexta-feira ter recebido uma lista com três nomes de padres suspeitos de abuso de menores. Dois já morreram e outro já viu o seu caso investigado e arquivado pelo Ministério Público.
D. António Moiteiro Ramos adianta, em comunicado, que, em relação ao sacerdote investigado, "o Dicastério da Doutrina da Fé [Vaticano] (...) pede que o bispo diocesano continue a exercer o direito de vigilância".
A Diocese de Bragança-Miranda anunciou, este sábado, ter recebido por parte da Comissão Independente para o Estudo dos Abusos Sexuais de Crianças na Igreja Católica em Portugal uma lista com três nomes de padres suspeitos de abuso de menores.
A diocese transmontana, em sede vacante, enaltece o trabalho da Comissão Independente para o Estudo dos Abusos Sexuais e assegura que “caso se verifique que os testemunhos recolhidos pela Comissão Independente configuram novos factos, será iniciado um novo procedimento canónico”.
A Diocese de Coimbra também recebeu da Comissão Independente para o Estudo dos Abusos Sexuais de Crianças na Igreja Católica em Portugal uma lista, a 3 de março. Em comunicado, a diocese indica que a lista tem sete nomes de sacerdotes, alegadamente abusadores de menores.
A Diocese de Leiria-Fátima indica, em comunicado, que recebeu cinco nomes suspeitos de abusos da Comissão Independente.
"A Diocese de Leiria-Fátima, a sua Comissão de Proteção de Menores e de Adultos Vulneráveis e todos os organismos que a compõem, continuam empenhados, em comunhão com toda a Igreja, em acolher escutar e acompanhar as vítimas e em prevenir e tratar devidamente qualquer forma de abuso de menores e adultos vulneráveis, adotando uma atitude de “tolerância zero” perante tais situações", lê-se, no comunicado.
O arcebispo, João Marcos, de Beja recebeu uma lista de cinco nomes de alegdos abusadores sexuais na diocese.
D. António Couto, bispo de Lamego, confirmou à Renascença a receção de uma lista de dois nomes. Os dois sacerdotes, que se encontram no ativo, for a identificados e contactados pela diocese.
A diocese de Vila Real recebeu o nome de três alegados abusadores. Dois já eram conhecidos publicamente e "tiveram, em devido tempo, o adequado tratamento civil e canónico, tendo como resultado uma pena de suspensão e a dispensa do ministério". O terceiro é incardinado de outra diocese, que já foi informada do caso e "a quem compete tomar as medidas canónicas adequadas".
Em comunicado, o Padre José Lobato, administrados diocesano de Setúbal, indicou a receção de cinco "nomes de alegados abusadores, que foram objeto de análise e confronto com os dados existentes nos arquivos diocesanos".
Notícia atualizada a 21 de março, às 11:40, com a informação da suspensão de quatro sacerdotes em Lisboa.