O bispo do Porto, D. Manuel Linda, num artigo publicado no site da diocese, alerta para os baixos ordenados no cuidado dos idosos e para a dificuldade sentida pelas instituições em contratar pessoas.

“Começa a ser difícil encontrar pessoas que queiram trabalhar nestes setores, pois o ordenado quase não passa o salário mínimo nacional”, escreve D. Manuel Linda, acrescentando que o serviço neste setor “supõe trabalho por turnos, noites, fins-de-semana, ausência da família, quando esta estaria toda em casa”, assim como “lidar com a dor, o sofrimento e os dejetos dos outros. O que nunca é agradável”.

O bispo do Porto alerta que “entre este trabalho duro e o ficar em casa a disfrutar o RSI vai uma diferença de pouco mais de 200 euros”, assinalando que “começa a ser bem mais atraente” o Rendimento Social de Inserção do que trabalhar nos lares.

O prelado não está contra o RSI, antes pelo contrário, apoia-o “determinantemente” porque “corresponde ao pensamento social da Igreja” e é uma das muitas expressões do “cuidado dos frágeis” na sociedade.

Para D. Manuel Linda, a solução “seria aumentar o salário destes trabalhadores do social. Só que as instituições não o conseguem fazer: ou estão no vermelho ou muito perto disso”.

“Se aguentarem continuar abertas, já não é pouco. Porque o risco de insolvência é real. Com a lógica perda de empregos e consequente entrega dos mais débeis às suas famílias”, alerta o prelado.

Neste contexto, o responsável da Diocese do Porto pede ao Governo que aproveite o dinheiro que vem de Bruxelas para ajudar as instituições e, assim, aumentar o salário dos trabalhadores do setor social.

“Anuncia-se ‘bazucas’ e ‘bazucas’, dinheiro a rodos que nem se sabe bem que fazer dele. Que o Estado, que anda a dormir na forma, acorde, enquanto é tempo. E que se preocupe efetivamente com quem mais precisa. Neste caso, os velhinhos e doentes. E jamais se transforme, mesmo sem se dar conta, na outra face do Estado-Zé-do-Telhado: ‘tirar’ aos pobres para enriquecer os ricos”, conclui o bispo do Porto.