À margem da conferência “Com os pobres”, que decorreu este fim-de-semana em Lisboa, o presidente da Cáritas Portuguesa defendeu que 2% do Produto Interno Bruto (PIB) português deveria servir para erradicar a pobreza.

Eugénio da Fonseca assumiu ser viável o objetivo definido no programa de Governo, de erradicar a pobreza durante esta legislatura, mas alerta para a dificuldade da articulação entre os ministérios.

“Podem chamar-me irrealista, porque por vezes vivemos segmentados nas políticas, mas não tenho dúvidas porque há outro ministério determinante que é o das Finanças. Gostava de ver o Governo dizer que uma parte do PIB fosse afeto à erradicação da pobreza. Penso que quando falamos em 2% do PIB não estamos a falar de grande coisa”, disse à Renascença.

O presidente da instituição de solidariedade social defende que esta matéria deveria estar sob tutela direta do próprio primeiro-ministro.

Em 2018, a rede nacional Cáritas registou mais de 120 mil atendimentos, com 73 mil pedidos concedidos a nível internacional, de apoios alimentares e monetários. A instituição conta com mais de cindo mil voluntários ocasionais e 1.500 colaboradores profissionais.

Na abertura do congresso, Eugénio Fonseca sublinhou que a “erradicação da pobreza” está ao alcance da humanidade.

“A pobreza não é uma fatalidade. É uma frase feita mas que precisamos repetir. Para a erradicação da pobreza mão basta agirmos nas consequências geradas pela pobreza, temos de agir sistematicamente e estruturalmente nas causas da pobreza”, enfatizou.

"Com os Pobres" foi o tema escolhido para a conferência anual da Comissão Nacional Justiça e Paz (CNJP), marcada para sábado no Centro Cultural Franciscano, em Lisboa. A iniciativa está relacionada com o Dia Mundial dos Pobres, que se assinala a 17 de novembro.