Saíram dos Camarões, à procura de um melhor futuro. Conheceram-se em Meknès, cidade marroquina onde trabalham. Acolhidos pela Cáritas, vieram a Rabat para o encontro deste sábado com o Papa. Nem todos são católicos, mas estão gratos pelo encontro que vão ter com Francisco. Um deles, Jackson, vai discursar para o Papa.

Gabriel não é católico e conta que saiu do seu pais para ir para a Europa, mas quando chegou a Marrocos, mudou de opinião e ficou por lá.

Agora, com 31 anos, reconhece que a realidade não é o que sonhava. “Quando saímos do nosso país, vivemos um sonho floreado, mas, quando chegamos ao terreno, percebemos que a Europa não é bem o que se diz, que não é o paraíso”. Por isso, “tenho agora outra visão das coisas e trabalho em Meknés”, conclui.

Já Carina, que tal como os outros prefere não revelar o seu apelido, mantém outra abertura: “por enquanto estou por aqui, depois se verá”. Estudou logística e transportes também na cidade de Meknès e, quando terminou o curso, encontrou trabalho nessa mesma cidade. Também não é católica, mas considera, aos 32 anos, que “encontrar o Papa vai ser uma descoberta”.

Jackson, ao contrário dos seus amigos é católico, foi escolhido pela Cáritas para discursar perante o Papa: “para mim, vai ser uma oportunidade, não pelo discurso que vou fazer, mas pela mensagem. Vai ser uma oportunidade de fazer passar algumas palavras ao Papa e, talvez ao resto do mundo, para que oiçam os imigrantes”.

O desejo de Gabriel é que se considerem “os imigrantes como parceiros, para se tentar encontrar, todos em conjunto, uma solução”. Para este jovem de 31 anos, “a força do gesto é que conta, pois só o facto do Papa estar aqui, num país como Marrocos onde há imigrantes, é isso o mais importante”.