Portugal é um país plural, mas o país não se entende sem a devoção e a influência de Nossa Senhora, disse esta sexta-feira o patriarca D. Manuel Clemente, na homilia das celebrações de Fátima. "Só por grande distracção ou preconceito não se notará o que aqui sucede há um século quase, neste chão bendito da Cova da Iria", afirmou.

O patriarca diz que não se pode esquecer que “em muitas nações, o legado maternal de Maria tem outras referências, próprias e marcantes também. Mas, estando nós em tempo de grandes indefinições culturais, lembro tão-somente que Portugal nunca se entendeu sem Santa Maria, cuja ‘terra’ é."

Numa altura em que tem surgido alguma tensão entre o Governo e os bispos, por causa dos contratos de associação no ensino, o patriarca deixou alguns recados para o poder político.

“Sendo as famílias e o catolicismo realidades fundantes do que somos hoje, ainda que sejamos diversos, hão de ser tidos em conta por organizações posteriores, como o Estado ou as instâncias internacionais, quando legislam ou administram o que a todos respeita", afirma.

“As entidades políticas servem o bem comum, que é o bem de todos segundo as legítimas escolhas de cada um. Porque solidariedade sem subsidiariedade, não o é de facto. É neste ponto que culto, cultura e sociedade se devem harmonizar, mesmo e sobretudo em sociedades plurais e democráticas, como quer ser a nossa”, afirmou.

D. Manuel não esqueceu a questão dos refugiados, apelando aos peregrinos presentes em Fátima para rezarem por eles e outras vítimas. "Mistérios de Cristo, que Maria ensina, a favor de todos e das variadas situações de vida e dos povos - como aqui rezamos por sãos e enfermos, sós ou sem trabalho, vítimas e refugiados, neste Santuário de Nossa Senhora do Rosário de Fátima", disse.

As celebrações deste dia 13 de Maio em Fátima assinalam o início do ano centenário das aparições de 1917, cujo ponto alto, se espera ser a visita do Papa Francisco em Maio do próximo ano.

Como parte das celebrações, os bispos reunidos esta sexta-feira em Fátima renovam a consagração das dioceses portuguesas ao Imaculado Coração de Maria, tal como tinha sido feito há 85 anos. Esta consagração assinalou o regresso a Fátima da Imagem da Virgem peregrina que percorreu durante um ano as dioceses de todo o país.