A direita sentou-se às escuras numa sala de Lisboa à procura de uma luz comum que a guie de volta ao poder. Numa edição que conta com a presença de todos os líderes partidários deste lado da política, foi aquele que já não é que mais se fez ouvir, sem sequer subir ao palco.

Pedro Passos Coelho sentou-se na plateia, recebeu aplausos só por estar ali, mesmo lembrando lá fora aos jornalistas que tem estado em todas as convenções do Movimento Europa e Liberdade (MEL).

“Eu vim assistir a esta convenção com muito interesse, como de resto fiz nas convenções anteriores. Há um espaço de debate e de liberdade que é muito importante estimular e promover no país. Pessoas com tanta experiência e sobretudo pessoas que têm tanto a dar ao país nas mais diversas áreas é sempre uma oportunidade a não perder”, disse à margem da convenção que decorre no Centro de Congressos de Lisboa.

Passos promete não perder também a intervenção do atual líder do PSD. "É difícil que eu consiga estar aqui dois dias inteiros, porque não tenho essa possibilidade. Estarei tanto quanto possível a assistir aos trabalhos e, no caso do Dr. Rui Rio, ainda para mais que é o presidente do PSD, terei muito gosto em ouvi-lo.”

E mais não disse Passos Coelho. Outros disseram dele, como Miguel Pinto Luz, para quem a direita só deu espaço a novos partidos porque o antigo primeiro-ministro se demitiu do PSD e Rui Rio quis colocar o partido menos à direita. Uma deriva ao centro que mereceu críticas também do líder da iniciativa liberal, João Cotrim Figueiredo.

"Não contem connosco para assumir o discurso de esquerda que, permanentemente, quer desvalorizar o papel das pessoas em relação ao Estado. Não contem connosco principalmente quando esse discurso de desvalorização das pessoas vem do próprio campo não socialista”, começou por dizer, para depois concretizar.

“Quando o Dr. Rui Rio disse no Parlamento, há poucos dias, que se calhar até era melhor que o Novo Banco tivesse ficado na órbita do Estado, ele tem de ter a consciência que está a fazer o discurso do PCP e do Bloco de Esquerda, que tudo querem nacionalizar. E quando o PSD se presta também a várias iniciativas do PS, como o fim dos debates quinzenais ou as eleições nas CCDR ou aprova o orçamento suplementar de 2020 ou que tenta que as candidaturas independentes autárquicas fossem o que acabaram por não ser está a fazer o jogo dessa mesma esquerda. Para isso não contem connosco”, avisou o líder da IL.

João Cotrim Figueiredo falou ainda na parte da manhã e, no final do dia, o líder de uma direita tradicional repetiu que o centro não existe. Francisco Rodrigues dos Santos, do CDS, atirou igualmente a quem quer estar ao centro e acaba por apenas ajudar o PS perpetuar-se no poder.

"Para combater a esquerda, precisamos de uma direita forte. Não de uma obsessão pelo centro, que a desvirtua por ser uma ideologia de fachada e que faz fretes ao PS. Querer ser apenas do centro é querer ser tudo e o seu contrário, tudo ao mesmo tempo e, no final de contas não é ser coisa nenhuma. É ser tudo e é não ser nada. Portanto, quem se afirma do centro acaba por não ter armas para combater a esquerda e influenciar e permitir a essa mesma esquerda se perpetuar no poder”, afirmou Francisco Rodrigues dos Santos no seu discurso.

Recados para Rui Rio, o líder do PSD, que tem insistido em manter no centro o seu partido e que nesta quarta-feira partilhará palco, embora em horários diferentes, com outro líder partidário mais recente: André Ventura, ele próprio um ex-militante do PSD que criou o Chega depois de Passos Coelho sair.