O PSD de Portimão decidiu apoiar uma candidatura de Luís Carito, ex-deputado do PS e antigo vice-presidente da câmara de Portimão também pelo PS, que pode agora tornar-se candidato com o apoio da coligação PSD/CDS (que pode incluir outros partidos) na mesma autarquia algarvia. O ex-autarca ficou conhecido por um episódio caricato em que terá comido um papel que poderia constituir prova num processo em que foi arguido.

Para isso é ainda necessária luz verde da distrital de Faro, sendo a última palavra da direção nacional de Rui Rio. A candidatura não foi, portanto, homologada, mas, ao que a Renascença sabe, é a indicação da concelhia local, já discutida com o principal parceiro da coligação, o CDS.

Contactado pela Renascença, o presidente da concelhia do PSD de Portimão, Carlos Martins, não confirma a candidatura. Limita-se a dizer que "o processo está a seguir os trâmites normais, dentro das estruturas, e que só depois de validado, é que anunciará os candidatos".

A escolha da concelhia, contudo, está a causar surpresa nas hostes laranja do Algarve pelas ligações anteriores ao PS, mas também porque Luís Carito foi protagonista de um episódio insólito que fez correr tinta, à época, em junho de 2013: durante buscas da Polícia Judiciária à sua residência, no âmbito de uma investigação que o envolvia a si e a mais nove arguidos, o então autarca tirou das mãos de um inspetor um papel e meteu-o na boca.

Todos os nove arguidos foram levados a julgamento por crime de burla qualificada e participação económica em negócio, num caso que envolvia a participação de empresas municipais e que teria lesado o Estado em 4, 6 milhões de euros. Luis Carito foi também indiciado por danificação ou substração de documento devido ao episódio do papel colocado na boca.

Todos foram absolvidos por não "haver prova de que os arguidos tenham atuado de forma concertada, prejudicando a Portimão Urbis ou obtidos benefícios próprios em resultado dos contratos", segundo o Correio da Manhã de 31 de janeiro, data da leitura da sentença. Em causa estavam suspeitas sobre apoios ao Portimonense e ao projeto da Cidade do Cinema.

“Estou muito feliz com a decisão do coletivo de juízes. Foram seis anos e meio de um processo muito mediático, com prisões, em que o meu nome e o dos outros arguidos foi colocado na lama", disse Luís Carito à saída do Tribunal. Quanto ao papel que tirou das mãos do inspetor da PJ e meteu na boca, o Tribunal concluiu que não foi possível provar a destruição de prova porque não foi possível provar o conteúdo desse mesmo papel.

Luís Carito é médico e foi deputado em três legislaturas, entre 1999 e 2005. Foi presidente da Assembleia Municipal de Portimão, vice-presidente do Instituto de Solidariedade e Segurança Social e diretor regional do Algarve de Segurança Social.