A pressão é muita, assume o líder do Chega: quer a pressão direta do PSD para viabilizar "o governo regional laranja", quer "o jogo do CDS a deixar o ónus do falhanço de direita nas mãos do Chega, para nos fragilizar a nível nacional".

É assim que começa a mensagem enviada aos dirigentes do partido, a que a Renascença teve acesso. André Ventura avisa que não pode ter duas caras depois de meses a dizer que qualquer convergência com o PSD teria de passar pela convergência do partido nalguns pontos que considera fundamentais.

O líder do partido de extrema-direita considera que não só não houve essa convergência, como o PSD optou por uma "ostensiva atitude de afastamento, quer do ponto de vista da comunicação, quer do ponto de vista político".

Ventura destaca a viabilização de cada vez maior número de iniciativas do partido socialista com o apoio do PSD, caso do fim dos debates quinzenais, a viabilização do orçamento suplementar e a recusa em participar do processo de revisão constitucional aberto pelo Chega.

Perante estes sinais, pergunta Ventura aos dirigentes do partido: "que pensarão os eleitores do Chega se agora esquecermos tudo isto e dermos a mão a esta direita do sistema que sempre nos ignorou ou atacou? Onde ficariam as nossas convicções?".

Pedindo que não se alimentem especulações nas redes sociais ou na imprensa, a mensagem termina com as três exigências ao PSD para iniciar qualquer conversa:

1) a participação no processo de revisão constitucional em curso

2) compromisso de redução, nos 4 anos de legislatura, para metade, dos beneficiários de RSI na região autónoma dos Açores.

3) compromisso de apresentação de um plano regional de luta contra a corrupção e clientelismo na RAA no prazo de um ano.

Só e apenas só se estes compromissos forem aceites por todos os partidos à direita poderá iniciar-se "uma plataforma de conversações com o objetivo de remover os socialistas do governo da região. André Ventura termina a mensagem com o sublinhado: "E apenas neste caso", tendo como destinatários claros não apenas os dirigentes do seu partido, como os dos partidos que já procuram entendimentos para transformar os resultados inconclusivos das eleições de domingo nos Açores.

Tal como a Renascença adiantou, PSD e CDS já conversaram e várias fontes avançam que "as coisas parecem bem encaminhadas" para uma maioria de direita nos Açores, em que o Chega não precisaria de integrar o governo regional, salvando a face, mas apenas de viabilizar uma maioria de direita na assembleia regional.