O deputado do PSD Fernando Negrão admitiu, esta quinta-feira, ter falado com o presidente eleito do PSD, Rui Rio, antes de avançar com uma candidatura à liderança da bancada parlamentar social-democrata, tendo partido do princípio de que Hugo Soares não continuaria no cargo.

Em conferência de imprensa depois de ter anunciado aos deputados que se candidatará às eleições da próxima quinta-feira, Negrão avançou que proporá como primeiro vice-presidente da bancada Adão Silva - que apoiou Rui Rio na disputa interna, ao contrário do candidato, um destacado apoiante de Pedro Santana Lopes.

Questionado se a sua candidatura foi uma decisão sua ou se teria sido por indicação de Rui Rio, Negrão explicou terem existido duas conversas com o presidente eleito, uma antes e outra depois da decisão.

“Eu tive uma conversa com o dr. Rui Rio sobre o grupo parlamentar em que falámos e discutimos a vida parlamentar. De seguida, apresentei a minha candidatura depois de terem sido convocadas as eleições e tive depois conversa sobre a candidatura, em que o dr. Rui Rio manifestou agrado acerca da mesma”, afirmou.

Para o candidato, esse diálogo com Rui Rio “teria de existir”.

“Em primeiro lugar, por razões de cortesia, devia falar com o presidente eleito do PSD. Também porque o líder do grupo parlamentar - sempre foi assim - deve e tem de se articular com a direção do partido”, afirmou.

Questionado se não defendeu, perante Rio, a continuidade de Hugo Soares, Negrão respondeu que esse tema não foi abordado.

“Falámos sobre a possibilidade de nomes para líderes parlamentares. Porventura, teremos partido os dois do princípio de que esta liderança não se manteria”, afirmou.

“Preparado para qualquer resultado”

Fernando Negrão começou por dizer considerar ter “condições para exercer o cargo” de presidente da bancada do PSD, dada a sua experiência parlamentar (foi eleito deputado pela primeira vez em 2002).

“Devemos usar de muita humildade na vida política, este é um cargo de coordenação do trabalho parlamentar”, salientou.

Questionado se espera que a sua candidatura seja consensual, Negrão disse estar “preparado para qualquer resultado” e desvalorizou eventuais votos em branco que possa recolher.

“Espero que tenha os votos necessários para ser eleito presidente do grupo parlamentar. Quanto a questões de consensos, são muito importantes, mas quem almeja os 100 por cento almeja um consenso que por vezes é falso”, disse,

Se Fernando Negrão for o único candidato à liderança da bancada – o prazo para entrega de candidaturas termina na terça-feira –, apenas precisa de ter um voto favorável, podendo os restantes ser brancos ou nulos, de acordo com o regulamento da bancada.

“Não vou obrigar pessoas a votar em mim, os deputados são livres no seu voto, limitar-me-ei a aguardar resultado das eleições. Se for eleito, assumirei imediatamente funções, se não tirarei as consequências”, disse.

Sem querer adiantar mais pormenores sobre a futura direção de bancada que proporá aos deputados, Fernando Negrão disse esperar ter “uma equipa coesa” e considerou que o líder parlamentar não terá mais poder por Rui Rio não ser deputado.

“Ganha é uma especial responsabilidade, mas isso consubstancia-se numa boa articulação”, disse.