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Pedro Passos Coelho tem um “crédito para o futuro que é infindável”, defende o vice-presidente do PSD, Marco António Costa, em entrevista ao programa "Hora da Verdade", da Renascença e do "Público".

Marco António Costa mantém-se com o líder do partido. "Se houver pessoas com uma proposta alternativa, que se sintam capacitados para desafiar uma liderança, é sempre útil". Por ele, Passos continua à frente do PSD.

O processo das autárquicas foi atribulado no PSD, sobretudo nos casos de Lisboa e Porto. Houve desleixo na preparação?

Não. Acho que tivemos uma atenção mediática muito maior do que o PS numa fase. E agora, os senhores jornalistas descobriram que, afinal, os problemas não existiam só no PSD, também existiam no PS.

Mas reconhece que também existiram? E que não chegaram às soluções ideais?

Essa já é uma conclusão sua. Todos os processos eleitorais têm problemas. Eu conduzi o processo das legislativas: não foi público, mas também houve. Nós nunca tivemos no PSD uma distrital que aprovasse uma moção de censura ao responsável autárquico, como a do PS de Braga agora.

Mas tiveram problemas no PSD/Lisboa. O presidente da concelhia demitiu-se.

Só posso elogiar a escolha. A Teresa Leal Coelho é uma pessoa competente politicamente, é uma pessoa de uma dedicação absoluta à vida pública. É uma mulher com mundo, com capacidade de trabalho e próxima dos cidadãos.

Pelo que lemos, não está ainda no terreno.

Tem estado, não tem estado é com a comunicação social.

Mas falta-lhe visibilidade?

As eleições têm uma campanha que serve para alguma coisa. Nós partimos para as legislativas condenados. Enfim, não se confirmou. No Porto, o que está a acontecer não é uma surpresa. As pessoas do Porto devem estar muito pouco satisfeitas com o espectáculo que foi dado pelo PS. E de alguma forma pelo dr. Rui Moreira, por se deixar envolver em toda esta teia de acontecimentos. E nós temos um candidato preparado para fazer um trabalho notável.

Conhecendo como conhece o PSD, se Passos Coelho perder as autárquicas tem condições para manter a liderança?

Uma coisa não tem nada a ver com a outra. Porque ele não vai ser candidato em lado nenhum.

Mas é o PSD e as escolhas foram dele, em Lisboa e Porto. E é uma pergunta que se faz no partido.

De uma minoria pequena de pessoas. O dr. Passos Coelho já disse que não está em causa nestas eleições, que se apresentará novamente a eleições internas no partido.

Acha que seria saudável que não fosse sozinho?

Acho que a democracia é sempre uma festa. Quem quiser participar dela que se apresente, ponto final. Se houver pessoas com uma proposta alternativa, que se sintam capacitados para desafiar uma liderança, é sempre útil. Nunca houve da nossa parte, desde a primeira eleição do dr. Passos Coelho, nenhuma dificuldade em conviver com aqueles que tinham estado contra nós. Acho que é uma falsa questão.

Se houver desafio, acha que as bases estarão com Passos Coelho? Ou pode acontecer o que aconteceu quando Luís Filipe Menezes ganhou a Marques Mendes em 2008, depois de uma eleição autárquica?

Foi depois de umas intercalares para Lisboa - e o processo não tem comparação. Não posso falar pelas bases mas, por mim, o dr. Passos Coelho tem todas as condições para se apresentar novamente a eleições internas. E para continuar a fazer uma oposição responsável e não populista e demagógica. Nós não temos esse estilo. Dito isto, em Espanha, os líderes da oposição não são trocados em dois ou três anos. Houve sempre uma grande estabilidade.

Não tem sido a tradição cá.

A tradição já não é o que era. E deixou de o ser quando alguém ganhou as eleições e não pode governar por uma aliança que foi construída para impedir que se cumprisse uma vontade expressa pelos portugueses, de acordo com princípios que durante 42 anos tiveram definidos. Convivemos bem com isso, mas mudou-se a tradição.

Com a economia a crescer, o país fora de défice excessivo e, quem sabe, uma agência de rating a tirar Portugal do lixo, Passos Coelho ainda chegará a primeiro-ministro?

Acredito que o dr. Passos Coelho, pela capacidade, sentido de patriotismo numa altura nuclear para o futuro dos portugueses, tem um património de crédito para o futuro infindável. E portanto, está na sua vontade querer continuar ou não a persistir. E está na vontade dos militantes continuar ou não a confiar nele. A minha expectativa é que essa confiança existe.