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O presidente da Associação Portuguesa de Administradores Hospitalares (APAH) alerta que, numa segunda vaga da Covid-19, serão os doentes não Covid outra vez a ficar desprovidos de assistência médica.

“Esta resposta à Covid-19 e a esta nova segunda vaga vai condicionar a resposta aos doentes não Covid”, diz Alexandre Lourenço, em entrevista à Renascença.

Alexandre Lourenço diz que é esse o cenário mais provável, dada a falta de recursos existentes no país.

“Na maioria das instituições aquilo que vamos ter que fazer e que temos preparado é que, não tendo recursos e não sendo possível ter recursos para responder à questão da Covid e também às necessidades gerais dos doentes, vamos ter que, mais uma vez, começar a adiar atividade programada - cirúrgica e consultas - para realocar esses recursos para a resposta à Covid-19”, explica.


No dia em que Portugal voltou a registar mais de mil casos de Covid-19 em 24 horas, Alexandre Lourenço olha para estes números que diz serem “alarmantes”, antevendo “uma pressão muito grande sob os hospitais”.

Alexandre Lourenço lamenta que, de março para cá, não tenham sido feitos mais avanços na articulação entre hospitais, garantido que a descoordenação “não está ultrapassada”.

“Não faz sentido que as instituições respondam sozinhas, isoladas à pressão que vai sendo criada, sem meios de articulação com outras instituições. Não podemos chegar a um ponto, como vivemos em maio, em que diretores clínicos, por exemplo do Hospital Fernando Fonseca, pediam por favor para internar doentes em outros hospitais, em Abrantes e em Santarém”, exemplifica.

O presidente da APAH identifica ainda como necessários “mecanismos e automatismos que nos permitam ter uma resposta em rede assegurada, que possaM prever e antecipar o que pode suceder à semana, de forma a que os hospitais possam preparar as suas estruturas e os seus profissionais de saúde, não sendo obrigados a tomar decisões para o dia”.

EVOLUÇÃO DA COVID-19 EM PORTUGAL