O ministro do Ambiente deixou um forte apelo, nesta quarta-feira de manhã, em Madrid, à adoção de medidas concretas e mais ambiciosas de adaptação aos efeitos das alterações climáticas.

Intervindo em nome de Portugal na Conferência da ONU sobre o Clima, João Pedro Matos Fernandes sublinhou a urgência da adoção de medidas e mostrou-se exigente com os seus pares.

“Os apelos à emergência climática resultam da constatação de que estas não são apenas um problema das gerações futuras – são um problema atual. Somos nós que temos de agir. Em Portugal, já sentimos os seus efeitos e por isso a adaptação é uma prioridade”, começou por dizer.

“O tempo está a esgotar-se. E já é quase tarde. Portugal vai cumprir, Portugal está a cumprir e não admite que outros falhem”, avisou o ministro na frase que encerrou o seu discurso no plenário da COP25, onde prosseguem os segmentos de alto nível com os discursos dos diferentes países representados na cimeira.

Apresentando as metas do Roteiro para a Neutralidade Carbónica de Portugal, Matos Fernandes repetiu as percentagens já conhecidas para 2030: redução de 55% das emissões de gases com efeito de estufa, alcançar 35% de eficiência energética e atingir 47% de renováveis no consumo final de energia.

O governante sublinhou ainda as prioridades para conseguir a redução em 40% das emissões dos transportes: a mobilidade elétrica, os autocarros de elevado desempenho ambiental e a redução do preço dos transportes coletivos.

"Foi uma medida de choque", reconheceu, ao referir-se à redução dos passes sociais nas áreas metropolitanas. "Com este programa, em apenas seis meses, aumentámos em 12% a sua utilização e em 35% o número de passes vendidos nas duas áreas metropolitanas", sublinhou ainda Matos Fernandes.

Por um mercado justo de emissões

No domínio da negociação internacional nesta COP25, o ministro do Ambiente referiu-se à polémica em torno do Artigo 6º. do Acordo de Paris, que os delegados procuram regulamentar de vez em Madrid.

O artigo é o ponto mais sensível desta cimeira e implica o estabelecimento de um mercado de emissões justo, transparente e que respeite objetivos quantificados de redução das emissões.

“Queremos alcançar um resultado positivo no que respeita ao Artigo 6º., que apoie maior ambição e garanta plena integridade na mitigação, sob pena de pôr em causa a credibilidade do sistema e do nosso processo multilateral. Estes mecanismos de mercado têm que criar incentivos fortes para reduzir emissões agora e no futuro. Para tal, temos que assegurar que não ocorre dupla contagem de reduções de emissões. E temos que garantir que a transição para o período pós-2020 não compromete os níveis de ambição atuais –insuficientes face ao que a ciência nos diz ser necessário – e futuros do Acordo de Paris", defendeu Matos Fernandes.

Este é o país que o Governo promete para daqui a 30 anos

Depois de apresentar o Roteiro para a Neutralidade Carbónica, a delegação portuguesa mostrou, na COP25, um vídeo sobre como será Portugal em 2050. Veja aqui as promessas do Governo sobre como será o país daqui a 30 anos.