O ministro da Defesa Nacional, João Gomes Cravinho, considerou esta terça-feira que o futuro das Forças Armadas deve ser pensado "em conjunto" com a sociedade portuguesa e não apenas pelo governo.

"Ao pensarmos sobre as nossas Forças Armadas, uma coisa é para mim muito clara: isto tem de ser pensado em conjunto com a sociedade. Não são as Forças Armadas por si só, os quadros do Ministério da Defesa sozinhos ou sequer o governo, pensando em exclusividade, que podem dar a resposta que nós precisamos", disse.

João Gomes Cravinho discursava na Escola Secundária João de Deus, em Faro, durante a cerimónia de assinatura dos protocolos de cooperação para a implementação, nos 16 municípios do Algarve, do Referencial de Educação para a Segurança, a Defesa e a Paz, desenvolvido em conjunto pelo Ministério da Defesa Nacional e pelo Ministério da Educação, com a colaboração das Áreas de Governo da Presidência e Modernização Administrativa e da Administração Interna.

A sessão contou igualmente com a presença do ministro da Educação, Tiago Brandão Rodrigues, e do secretário de Estado das Autarquias Locais, Carlos Miguel.

O ministro da Defesa considerou que, em 2019, se vive um período de reflexão sobre as Forças Armadas e sobre os desafios "profundamente diferentes" que a instituição tem pela frente.

"As Forças Armadas que queremos e precisamos para o nosso país não são seguramente as Forças Armadas do século XX, com que eu cresci e que me habituei a conhecer", afirmou.

Assim, prosseguiu, deve ser "o conjunto da sociedade, alimentado pelas reflexões, sentimentos, ideias e debates que têm lugar no âmbito da cidadania", a formular as melhores respostas para as Forças Armadas.

"Vivemos um enquadramento internacional complexo. As certezas são muito poucas sobre o mundo daqui a dez anos. E dez anos é um espaço muito curto para adaptação das nossas instituições", explicou o ministro da Defesa.

João Gomes Cravinho considerou, nesse âmbito, que o Referencial de Educação para a Segurança, a Defesa e a Paz - que pretende divulgar os valores e as matérias da segurança e da defesa junto dos estudantes dos ensinos básico e secundário - é um instrumento "necessário" para reforçar a noção de cidadania junto dos mais novos.

"A criação de uma nova noção de cidadania para o futuro é, embora não tenhamos consciência disso no dia a dia, o mais importante dos desafios que enfrentamos", salientou.

Para o ministro, estabelecer uma prática institucionalizada de debate e reflexão sobre as temáticas desta área "é algo de extremamente valioso" e fazê-lo no contexto educativo "é uma mais-valia".

"A mensagem que vos quero transmitir é que vocês podem fazer a diferença. Vocês, que serão a parte mais influente na criação das nossas instituições nas próximas décadas", sublinhou Gomes Cravinho, dirigindo-se aos alunos presentes.

Até agora, já foram assinados protocolos em sete distritos, mas o ministro da Defesa assegurou que o referencial será aplicado em todo o país, "tão rápido quanto possível".