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O presidente da Associação de Vítimas dos Maiores Incêndios de Sempre lamenta que os apoios no setor da agricultura não estejam a correr tão bem como os dirigidos pela Provedoria de Justiça no que respeita às vítimas.

“Todo o processo tivesse corrido como correram estes dois conduzidos pela Provedoria Portuguesa no caso dos familiares das vítimas mortais e dos feridos. Porque há muito coisa a correr mal, nomeadamente no apoio à agricultura, a quem vivia da agricultura, a quem era agricultor profissional”, começa por dizer.

Estes agricultores, diz Luís Lagos, “têm merecido um apoio altamente discriminatório e eu e toda a região teme que a recuperação aí não de faça e criemos condições para que tenhamos um fogo como tivemos em outubro igual no futuro”.

“Porque a agricultura é que tem esse efeito de ocupação do território, de tratar o território e evitar que tragédias destas aconteçam. E o apoio à agricultura a sério não está a ser feito e é preciso que o país saiba disso”, explica.

Mas o que falta fazer nestas regiões afetadas pelos grandes incêndios de 2017? Luís Lagos não tem dúvidas: apostar mais e melhor no interior.

“Falta, sobretudo, o novo Quadro Comunitário de Apoio ter medidas de apoio efetivo ao interior, com taxas de comparticipação completamente diferentes daquelas que existiram no passado”, aponta.

“Porque, se formos analisar de forma fria e objetiva, uma empresa que queira investir no interior tem exatamente o mesmo apoio se investir fora do interior”, critica na Manhã da Renascença.

O representante das Vítimas dos Maiores Incêndios de Sempre lembra que estas regiões têm “baixa densidade demográfica” e “precisam de uma oportunidade, de um plano de convergência”.

“O país conhece isso e tem de ser solidário em relação a isso porque teve o mesmo plano de convergência em relação à Europa. Neste território do interior, muitas vezes é difícil ter acesso a cuidados de saúde primários. As pessoas têm de ter noção disso. Temos unidades e centros de saúde locais que vão ser encerrados e não há justificação para isso. Ninguém quer viver num território onde não há acesso a serviços públicos essenciais, como é o caso da saúde e das escolas”, critica.

Por isso, Luís Lagos apela a que seja dada “uma oportunidade” ao interior do país. Caso contrário, prevê, “vamos ter um país cada vez mais a descambar para o litoral, centrado em grandes cidades; um território completamente desertificado no interior, onde as pessoas que aqui vivem não têm oportunidade e são sempre portugueses de segunda. E não podemos permitir isso”.