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Um manifestação espontânea de taxistas perturbou, esta quarta-feira à tarde, o funcionamento do aeroporto de Lisboa. O protesto foi desconvocado horas depois, quando os representantes da classe receberam a garantia de que vão ser recebidos pelo Governo.

Em declarações à Renascença ao início da tarde, o presidente da Federação Portuguesa dos Táxis (FPT), Carlos Ramos, revelava que a situação estava "complicada" no aeroporto. Cerca de 200 viaturas participaram no protesto, que chegou a dificultar o trânsito.

“Os carros estão parados nos parques do aeroporto, em frente à praça de chegadas não há colega nenhum a recolher passageiros. Os colegas estão revoltados e estão à espera que haja uma resposta clara e definitiva em relação a este tipo de transportes clandestinos onde se inclui a Uber", explicou Carlos Ramos.

"Há colegas nossos que estão a perder a paciência e a calma. A polícia não consegue controlar a situação", advertiu o responsável. Os taxistas exigem "alguém" que dê de imediato "uma resposta satisfatória em relação à Uber".

De acordo com Carlos Ramos, a manifestação foi instigada por um incidente entre um motorista de táxi e um agente da autoridade. "Isto aconteceu porque um colega nosso pediu a presença da autoridade para identificar um carro da Uber, e a autoridade, em vez de o identificar, multou o nosso colega". "Isto não faz sentido", lamenta.

Diogo Santos, o taxista que chamou a polícia, descreve o sucedido: "Pedi ao agente de autoridade para identificar o motorista da Uber. Um dos agentes dirigiu-se ao motorista da Uber e outro dos agentes pediu-me os meus documentos e os documentos da viatura; autuou-me em 60 euros por eu ter parado o meu carro em frente ao carro da Uber, dificultando a saída.”

"A própria ANA sentiu necessidade de reunir connosco porque isto está a prejudicar a própria imagem do aeroporto", acrescentou.

Os dirigentes da FPT e da ANTRAL (Associação Nacional dos Transportadores Rodoviários em Automóveis Ligeiros), foram recebidos por um representante da ANA - Aeroportos de Portugal pelas 16h00. Contactado pela Renascença, um porta-voz da ANA confirmou que um dos administradores da empresa falou com representantes dos taxistas, mas apenas para se inteirar do problema, reforçando que esta é uma questão política que não cabe à ANA resolver.

Quando saíram da reunião, os representantes dos taxistas seguiram para a residência oficial do primeiro-ministro. Não conseguiram ser ouvidos por António Costa, mas receberam a garantia de que serão recebidos ainda esta semana.

Diferendo com a Uber há cerca de um ano

Nas declarações feitas à Renascença, Carlos Ramos lembra que "há um ano que andamos a tratar deste problema, para pôr cobro a esta situação".

"O IMT reconhece que, de facto, esta empresa não pode exercer actividade, não se enquadra na legislação portuguesa, mas nada faz. A polícia do aeroporto diz que tem 200 e poucos autos efectuados mas o IMT não lhes dá resposta de execução desses autos", descreve.

"Neste momento precisamos de ter uma resposta clara e satisfatória no sentido de travar esta situação", rematou.

A FPT refere que a PSP está a anotar as matrículas dos táxis parados fora das praças.

A empresa que gere o serviço Uber em Portugal considera que os taxistas, que protestaram no aeroporto de Lisboa, têm direito a manifestar-se de forma pacífica e mostrou-se disponível para dialogar com os operadores no sector da mobilidade.

Governo pediu informação a Bruxelas

O Governo diz que discutiu este mês o assunto da Uber com as duas associações representativas do sector dos Táxis. Revela que pediu informação à Comissão Europeia sobre o tema para a adopção de uma decisão comum.

Em comunicado, o secretário de Estado adjunto e do Ambiente, José Mendes, explica que na reunião foram debatidos vários aspectos relevantes em ambiente de “franca colaboração” e com “abertura de todas as partes para o diálogo” e para o desenho de medidas concretas que contribuam para o desenvolvimento deste importante sector.

A Secretaria de Estado afirma que foi consensual a ideia “que o serviço de táxis é uma componente essencial da mobilidade nas cidades, e fora delas, e que é fundamental juntar esforços para a melhoria contínua dos serviços prestados por aqueles profissionais”.

O Governo afirma também que “o tema da plataforma UBER foi também discutido” e que “é conhecida a posição do IMT nesta matéria”.

O gabinete do secretário de Estado adjunto e do Ambiente revela que “já solicitou informação à Comissão Europeia sobre os desenvolvimentos que estão em curso, bem como sobre a existência de uma estratégia comum, que permita uma articulação das posições dos diversos Estados Membros”, sobre esta questão espoletada pela plataforma de transportes Uber.

[notícia actualizada às 17h51]