O procurador-geral dos EUA, Merrick Garland, nomeou esta quinta-feira um procurador especial para a investigação sobre a descoberta de documentos confidenciais na casa do presidente norte-americano, Joe Biden.

O anúncio foi feito horas depois da assessoria de Biden ter confirmado a existência de documentos na residência do presidente dos EUA, em Delaware, relativos ao período de quando era vice-presidente de Barack Obama.

Na segunda-feira, a Casa Branca deu conta de que documentos confidenciais tinham sido descobertos inicialmente num escritório particular que Biden por vezes utilizava como local de trabalho.

Em reação, o assessor jurídico de Joe Biden, Richard Sauber, indicou que o presidente norte-americano “está a cooperar com as autoridades para entregar os documentos de forma adequada”.

A investigação será liderada por Robert Hur, que exerceu funções de principal procurador federal em Maryland durante a presidência de Donald Trump.

Em conferência de imprensa, Garland indicou que um procurador especial era necessário para o caso após investigações iniciais conduzidas por John Lausch, o principal procurador federal de Chicago, nomeado por Trump em 2017.

Biden diz-se “surpreendido” e que vai “cooperar completamente”

Os primeiros documentos encontrados, segundo a imprensa internacional, incluíam dados dos serviços de informação norte-americanos sobre a Ucrânia, o Irão e o Reino Unido.

De acordo com a lei norte-americana, toda a documentação oficial recebida quando se ocupa um cargo na Casa Branca deve ser entregue aos Arquivos Nacionais.

Quando questionado pelos jornalistas sobre o primeiro conjunto de documentos encontrados no seu antigo escritório, Biden mostrou-se “surpreendido”.

Sobre o segundo lote de documentos que foi descoberto, Biden disse apenas a jornalistas na Casa Branca que está a "cooperar total e completamente" com o Departamento de Justiça dos EUA e não revelou quando é que este segundo grupo de documentos foi encontrado.

Biden indicou ainda que os seus advogados estiveram a rever possíveis locais de armazenamento e que o processo ficou concluído na noite de quarta-feira.

Trump e as buscas a Mar-a-Lago

Antes de Biden, também o ex-presidente norte-americano Donald Trump se viu envolvido numa polémica referente à retenção irregular de documentos confidenciais.

Quando saiu da Casa Branca, Donald Trump levou consigo caixas inteiras de documentos, embora uma lei de 1978 obrigue qualquer presidente norte-americano a entregar ao Arquivo Nacional todos os seus e-mails, cartas e outros documentos de trabalho.

Em janeiro, Trump devolveu 15 caixas, mas uma investigação, a Polícia Federal estimou que o magnata provavelmente mantinha outros arquivos na sua luxuosa residência em Mar-a-Lago, na Florida.

Nesse sentido, agentes do FBI realizaram uma vasta busca à mansão de Trump em 08 de agosto, com base num mandado de "retenção de documentos confidenciais" e "obstrução a uma investigação federal", e apreenderam cerca de trinta outras caixas.

Iniciou-se então uma intensa batalha legal para determinar a natureza dos documentos apreendidos, alguns deles marcados como “ultrassecreto”, “secreto” ou “confidencial”.

Nesta segunda-feira, Trump questionou a atuação do FBI face à descoberta de documentos confidenciais de Biden.

“Quando é que o FBI vai invadir as muitas casas de Joe Biden, talvez até a Casa Branca? Esses documentos definitivamente não foram desclassificados”, escreveu Trump na sua rede social, a Truth Social.