A chanceler alemã Angela Merkel apelou este domingo ao diálogo com os talibãs, que devem anunciar o novo governo no Afeganistão, a fim de continuarem as evacuações de Cabul.

"Devemos todos dialogar com os talibãs sobre como podemos retirar do país as pessoas que trabalharam para a Alemanha e trazê-las para um lugar seguro", precisou a chanceler, numa conferência de imprensa.

Angela Merkhel insistiu na necessidade de dialogar com os talibãs, considerando que de outro modo não poderão retirar-se do Afeganistão "as pessoas que precisam de proteção", destacando os colaboradores de organizações humanitárias.

"Claro que temos de falar com eles, porque agora são eles a quem devemos nos dirigir", afirmou a dirigente alemã, que falava à imprensa durante uma visita a uma das regiões afetadas pelas recentes inundações que atingiram o oeste do país.

É necessário "retirar do país as pessoas que trabalharam para as nossas organizações de ajuda ao desenvolvimento e que agora se sentem em perigo", sustentou.

O diálogo também é necessário para conseguir condições de segurança que possibilitem às organizações humanitárias trabalhar no terreno, referiu.

Nos últimos dias, a chanceler alemã tem reiterado que após a retirada das tropas norte-americanas do Afeganistão é necessário abrir vias civis para a retirada tanto de cidadãos alemães como de afegãos e suas famílias.

Entretanto, o principal porta-voz dos talibãs, Zabihulla Mujahid, em declarações publicadas na edição de hoje do jornal alemão "Die Welt", disse que o Afeganistão pretende manter com a Alemanha "relações diplomáticas fortes e oficiais", além de apoio financeiro e ajuda humanitária.

Os alemães sempre foram "bem-recebidos" no Afeganistão, acrescentou, recordando os cem anos de boa cooperação bilateral. Lamentou ainda que a Alemanha se tenha "aliado" aos Estados Unidos, acrescentando que "isso já passou".

O ministro das Relações Exteriores da Alemanha, Heiko Maas, visitou esta semana vários países da região para negociar formas civis de continuar a retirada de colaboradores afegãos e das suas famílias.

Heiko Maas explicou que, se for "politicamente possível", a Alemanha pretende reabrir a sua representação em Cabul.