Martina Angermann, presidente da câmara de Arnsdorf, demitiu-se esta sexta-feira, após ter recebido sucessivas ameaças de morte e de intimidação de elementos de extrema-direita.

A autarca desta cidade, localizada perto de Dresden, começou a ser perseguida em 2016, depois de ter repudiado o ataque de quatro homens contra um refugiado iraquiano, que sofria de doença mental, e que foi amarrado a uma árvore.

Ao condenar de imediato estas ações, Martina Angermann ficou no radar de elementos extremistas e foi alvo de uma série de ameaças contra a sua vida.

A até agora presidente da Câmara de Arnsdorf pediu nos últimos anos, insistentemente, que o Governo aprovasse leis mais duras contra crimes de ódio e extremismo.

A ministra alemã da Justiça, Christine Lambrecht, que tal como a autarca faz parte do SPD, um partido de centro-esquerda, condenou já a série de acontecimentos que levaram à demissão de Angermann e afirmou que o Governo tem planos em curso sobre esta temática.

"Quando as pessoas deixam de se envolver na comunidade por causa de ameaças e de uma campanha de difamação, a nossa democracia está em perigo", disse a ministra esta sexta-feira, citada pela Deutsche Welle. "Estou solidária com a autarca de Arnsdorf e com todos os que dedicam o seu tempo à nossa sociedade."

O secretário-regional da Saxônia, estado federal de que faz parte a cidade de Arnsdorf, também já condenou a perseguição e exige medidas. "Não devemos permitir que campanhas da extrema-direita questionem os nossos valores democráticos e coesão. Isto não deveria acontecer", disse Henning Homann, ao jornal Saechsische.

Desde outubro que o partido de direita radical, Alternativa para a Alemanha, procurava afastar Angermann do cargo. Em setembro, nas eleições regionais, a Alternativa tornou-se o segundo maior partido da Saxônia, com os social-democratas do SPD a cair para o quinto lugar.