As forças de segurança de Israel (IDF) podem ter cometido crimes de guerra nas operações de repressão dos protestos palestinianos em 2018, que provocaram pelo menos 200 mortos, disse a ONU esta semana.

"As forças de segurança de Israel mataram e feriram manifestantes palestinianos que não representavam ameaças iminentes contra outros quando foram abatidos e que não estavam a participar diretamente em atos hostis", é referido num inquérito do Conselho de Direitos Humanos das Nações Unidas, cujos resultados foram divulgados na quinta-feira.

Durante 2018, e na resposta aos protestos de palestinianos na Faixa de Gaza, as IDF mataram pelo menos 189 pessoas e causaram mais de 6.100 feridos.

As manifestações em Gaza tinham como objetivo exigir a Israel que alivie o bloqueio imposto ao enclave e o reconhecimento do direito de retorno aos refugiados palestinianos.

Aos jornalistas, Santiago Canton, que dirigiu a comissão de inquérito da ONU, disse ontem que existem "fundamentos razoáveis para acreditar" que os soldados hebraicos "cometeram violações dos direitos humanos e da lei humanitária internacional".

"Algumas dessas violações", acrescenta Canton, "podem constituir crimes de guerra ou crimes contra a humanidade e devem ser imediatamente investigadas por Israel".

Durante a onda de protestos, o Estado hebraico alegou que estes eram uma fachada para ocultar "atividades terroristas" por grupos armados palestinianos.

Em reação ao relatório do Conselho de Direitos Humanos ontem revelado, Israel rejeita as conclusões e acusa aquele organismo da ONU de criar um "teatro de absurdo", com o ministro interino dos Negócios Estrangeiros, Israel Katz, a dizer que a ONU acabou de "produzir mais um relatório hostil, mentiroso e desequilibrado contra o Estado de Israel".

A mesma comissão acusa ainda as autoridades israelitas de ignorarem repetidamente pedidos por mais informação e acesso tanto à Faixa de Gaza como ao território hebraico.