O Governo colombiano e as guerrilhas FARC vão assinar esta quarta-feira um segundo acordo de paz, depois de um primeiro acordo para pôr fim a décadas de violência no país ter sido rejeitado em referendo.

"O Governo e as FARC concordaram assinar o acordo final para pôr fim ao conflito e construir uma paz estável e duradoura", declararam negociadores de ambas as partes em comunicado.

O Presidente da Colômbia, Juan Manuel Santos, afirmou em 12 de Novembro que o novo acordo de paz com as Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia (FARC) "é de todos os colombianos", incluindo dos opositores do primeiro texto, rejeitado no referendo de 2 de Outubro.

"As suas iniciativas (dos opositores) contribuíram para alcançar este novo acordo que agora é de todos", disse Santos num discurso horas depois de o novo acordo ter sido alcançado em Havana.

As duas delegações mantiveram nove dias de intensas negociações em Havana - sede das negociações de paz durante os últimos quatro anos - para alcançar um novo consenso para "conseguir uma paz estável e duradoura".

O novo acordo "integra mudanças, precisões e contribuições dos mais diversos sectores da sociedade, revistos um a um", indica o texto.

O chefe de Estado disse que foram integradas no novo documento propostas dos ex-presidentes Álvaro Uribe (2002-2010) e Andrés Pastrana (1998-2002), os dois principais opositores ao primeiro acordo de paz.

O governo colombiano e as FARC assinaram a 26 de Setembro em Cartagena das Índias, um acordo de paz concluído em Agosto no final de cerca de quatro anos de negociações em Havana para terminar o conflito armado e a guerrilha mais antiga no continente americano, mas a maioria dos colombianos recusou o acordo num referendo realizado em 2 de Outubro, o que levou Juan Manuel Santos a convocar os líderes dos movimentos opositores para conseguir um consenso e resolver o processo de paz.

O complexo conflito armado colombiano implicou as FARC, formadas em 1964 na sequência de uma revolta camponesa, e outras guerrilhas de extrema-esquerda, milícias paramilitares de extrema-direita, grupos com ligações ao narcotráfico e as forças armadas.

A violência causou mais de 260 mil mortos, 45 mil desaparecidos e 6,9 milhões de deslocados.