Venho por este meio pedir ao senhor primeiro-ministro e ao senhor ministro da Educação o enorme favor de nos voltarem a dizer, como sucedeu na proibição de os colégios privados ministrarem aulas online, que estamos enganados, não percebemos nada, trocámos tudo e que ao contrário do que supomos ter sido decidido de forma eletrónica no Conselho de Ministros do passado domingo, mas só o foi na nossa delirante imaginação, os testes rápidos para a Covid-19 postos à disposição exclusiva da escola pública, vão ser afinal disponibilizados também para as escolas privadas, uma vez que os alunos, os professores e os funcionários do ensino privado também são, bem vistas as coisas, cidadãos portugueses como os outros, pagam impostos como todos e a sua saúde é igualmente relevante, já que se por infelicidade contraírem a doença vão contribuir, como todos aqueles que frequentam a escola pública, para a sobrecarga do serviço nacional de saúde e para o alastramento de uma pandemia que não escolhe nem distingue os portugueses que estudam, ensinam e trabalham na escola privada e aqueles que o fazendo na escola pública parecem merecer do Governo mais consideração e carinho, resultado evidente da nossa menor atenção e diligência em perceber as decisões que são claramente anunciadas pelo governo, mas evidentemente deturpadas por quem nada percebe do assunto, conduzindo a interpretações malévolas que nos induziriam a pensar que aqueles que nos governam enfermam de um grave preconceito ideológico que nem a pandemia confinou na gaveta da vergonha e do respeito.