O antigo ministro da Indústria do Governo de Cavaco Silva, que negociou a vinda da fábrica para Portugal, teme pelo futuro da Autoeuropa. Mira Amaral pede "bom senso" nesta nova fase de negociações e avisa que há um “forte risco” do fabricante levar a produção para Marrocos ou para a República Checa.

Numa entrevista ao “Diário de Notícias”, Mira Amaral diz que, depois de amortizado o investimento da marca na fábrica portuguesa, a Autoeuropa fica em situação de desvantagem em relação a outras fábricas, se se mantiver o impasse entre trabalhadores e administração.

O antigo governante dá o exemplo da República Checa ou de Marrocos, como locais que têm recebido investimentos da indústria automóvel europeia, e classifica o investimento feito pela Volkswagen em Portugal como "fabuloso" dizendo que os trabalhadores que "não querem trabalhar ao sábado, têm de ser realistas".

Mira Amaral diz que sente “desgosto”, “pessimismo” e “preocupação” relativamente à actual situação da fábrica de Palmela.

A administração da Autoeuropa reúne-se, esta terça-feira, com a comissão de trabalhadores e com o sindicato mais representativo da empresa para debater os novos horários. Os trabalhadores ainda querem alterar o horário transitório anunciado unilateralmente pela empresa, para vigorar de Fevereiro a Julho deste ano.

Depois da rejeição de dois pré-acordos sobre os novos horários negociados previamente com os representantes dos trabalhadores, a administração da Autoeuropa anunciou a imposição de um novo horário transitório, para vigorar no primeiro semestre de 2018, e a intenção de dialogar com a Comissão de Trabalhadores (CT) no que respeita ao horário de laboração contínua, que deverá ser implementado em Agosto, depois do período de férias.

O novo horário transitório, que entra em vigor nos últimos dias deste mês, com 17 turnos semanais, prevê o pagamento dos sábados a 100%, equivalente ao pagamento como trabalho extraordinário, acrescidos de mais 25%, caso sejam cumpridos os objectivos de produção trimestrais.

Os trabalhadores da Autoeuropa aprovaram em Dezembro uma proposta para uma greve de dois dias, em 2 e 3 Fevereiro.


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