Com a crise económica que resulta da pandemia (ainda não ultrapassada e com potencial para agravar-se na Europa) provocada pelo coronavírus SARS-COV-2, surgem várias questões entre elas: como evoluirá a mobilidade e o setor automóvel, após a crise da COVID-19?

Outra dúvida é a de como se irá adaptar a indústria automóvel portuguesa (cinco fábricas de marcas e mais de 250 empresas produtoras de componentes) à transformação que o setor vai enfrentar até 2030, face à necessidade de produzir veículos não poluentes e com tecnologia adaptada à maior digitalização da sociedade.

De resto, o Parlamento Europeu e a Comissão Europeia definiram metas ambiciosas para a redução das emissões de dióxido de carbono até 2030. Os construtores multiplicaram a oferta de veículos elétricos ou híbridos plug-in, mas, em tempo de crise, o futuro imediato passará ainda pelos motores de combustão interna, de baixas emissões, previstas nas normas Euro?

E em tempo de recessão quem irá comprar veículos elétricos? Atualmente, na Europa, a maioria dos veículos novos (57% em 2019) é comprada pelo canal empresarial, ou seja, por empresas de leasing de frotas empresariais de grandes e pequenas empresas. Serão as empresas sustentar o alavancar das vendas dos automóveis de zero emissões locais? Como irá evoluir o mercado português, o segundo pior na venda de carros?

No seu mais recente relatório, a Federação Europeia de Transportes e Ambiente (T&E) concluiu que estas matrículas provenientes do setor corporativo somaram mais de 9 milhões de veículos em 2019, em contraste com um nível de vendas privadas bem abaixo de 7 milhões de automóveis, um mercado a sofrer um grande impacto na recessão.

Num ponto parece haver consenso. O automóvel foi o rei da mobilidade durante décadas e, num plano simbólico, um dos ícones de liberdade na civilização ocidental durante todo o século XX terá no futuro de se adaptar a novas exigências como a descarbonização total da economia com emissões zero até 2050 – meta da Comissão Europeia – e mobilidade para todos até com questões ligadas á propriedade dos veículos, maior partilha e da condução autónoma. São estes objetivos atingíveis no curto prazo?

A estas e outras questões responde Hélder Barata Pedro, secretário-geral da ACAP, Associação Automóvel de Portugal, associação empresarial do ramo automóvel, a única em Portugal a representar a totalidade da indústria com mais de 2000 empresas associadas num setor que emprega 160 mil pessoas e responde por 19,5% das receitas fiscais do Estado.

Este conteúdo é feito no âmbito da parceria Renascença/Euranet Plus – Rede Europeia de Rádios. Veja todos os conteúdos Renascença/Euranet Plus